Apesar dos estigmas, a Eletroconvulsoterapia (ECT) é considerada um procedimento seguro e eficaz, sendo utilizado no mundo inteiro para o tratamento de depressão e outros transtornos mentais.
A animação “The truth about electroconvulsive therapy (ECT)” da psiquiatra Helen M. Farrell, produzido pela TED Ed, traz justamente o questionamento “por que ela é tão estigmatizada?”. No vídeo a psiquiatra explica como funciona o tratamento de ECT, sua história e evolução.
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A ECT MODERNA
Helen M. Farrell explica que a eletroconvulsoterapia foi utilizado pela primeira vez na medicina em 1938, e seu estigma talvez seja fruto de uma história que pouco se assemelha ao procedimento moderno. Em seus primeiros anos, os médicos administravam uma forte corrente elétrica ao cérebro, causando uma convulsão no corpo.
“A ECT moderna é muito diferente. Enquanto um paciente está sob anestesia geral, os eletrodos fornecem uma série de pulsos elétricos leves ao cérebro. Isso faz com que um grande número de neurônios dispare em uníssono: uma convulsão breve e controlada. Um relaxante muscular impede que os espasmos se espalhem para o resto do corpo. O tratamento dura cerca de um minuto, e a maioria dos pacientes pode retomar às atividades normais cerca de uma hora após cada sessão”, destaca a psiquiatra.
ECT é utilizada principalmente para tratar casos graves de depressão, transtorno bipolar e esquizofrenia. É indicado após avaliação do psiquiatra, comumente em casos que necessita-se de uma melhora rápida e consistente (nos quadros de catatonia ou risco de suicídio) e em pacientes que não responderam a medicações ou tiveram reações adversas.
O tratamento é completamente seguro e indolor, feito sob anestesia em ambiente hospitalar com toda a estrutura de monitoração cerebral e cardiorrespiratória (eletroencefalograma, eletrocardiograma e oximetria). O procedimento dura entre 5 a 10 minutos, contando todo o tempo com a presença de um psiquiatra, um anestesista e um profissional de enfermagem.
O processo promove uma reorganização do cérebro através da liberação e reequilíbrio dos principais neurotransmissores relacionados aos transtornos mentais, incluindo a serotonina, a noradrenalina, a dopamina e o glutamato.
Para o psiquiatra e diretor clínico da Holiste, Dr. Luiz Fernando Pedroso, apesar do método ser praticado pelos principais hospitais e clínicas psiquiátricas do mundo, a falta de um conhecimento mais aprofundado sobre o assunto fez com que a ECT fosse, por muito tempo, incompreendida e equivocadamente associada às torturas com choque elétrico realizadas pela ditadura militar no Brasil.
Nestes quase 40 anos realizando o tratamento de ECT, testemunhamos a melhora de muitos pacientes que chegavam desacreditados de uma possível recuperação, pois o tratamento medicamentoso já não surtia qualquer efeito. A eletroconvulsoterapia devolveu, para muitos destes pacientes, a possibilidade de levar uma vida próxima ao normal, através da contenção das crises e seus sintomas. É fundamental que estas informações cheguem ao grande público para que mais pessoas se beneficiem do tratamento, diminuindo qualquer tipo de preconceito relacionado ao procedimento”, finaliza Luiz Fernando Pedroso.
SAIBA MAIS SOBRE O TRATAMENTO DE ELETROCONVULSOTERAPIA NA HOLISTE
SOBRE A DRA. HELEN M. FARRELL
Helen M. Farrell (MD) é psiquiatra do Beth Israel Deaconess Medical Center (Boston/EUA) e instrutora da Havard Medical School. Atua também como escritora para veículos como The New York Times , e como palestrante internacional, buscando causar impacto na redução do estigma associado a doença mental – “Uma doença mental pode alterar sua trajetória. Mas não precisa defini-lo”.