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A arte de cuidar - Enfermagem Psiquiátrica | Revista Holiste

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Como cuidar das “feridas” mentais? Saiba como funciona o trabalho da enfermagem psiquiátrica.

O cenário é de guerra. Eis que ela surge, segurando uma lâmpada, para cuidar dos feridos. A britânica Florence Nightgale, no século XIX, introduziu um novo modelo de enfermagem, com um olhar mais sensível, atento e precavido. Alguns anos depois, na década de 70, as ideias da “dama da lâmpada”, como era conhecida, permearam o ambiente psiquiátrico brasileiro, na busca por práticas destinadas ao cuidado integral do paciente. Um novo conceito para o cuidar, por meio de um atendimento singular, obedecendo a um viés de multidisciplinaridade, em que se permite a harmonia e a integração de profissionais de diferentes áreas.

Florence disse “Eu uso a palavra enfermagem na falta de uma melhor. Ela tem sido limitada para significar pouco mais do que a administração de medicamentos e a aplicação de emplastros”. No âmbito psiquiátrico, tal afirmação se potencializa, pois as “feridas” mentais exigem que o papel do profissional de enfermagem vá muito além do atendimento clínico, atuando como importante agente facilitador de comunicação no processo da internação psiquiátrica, servindo de interligação entre as equipes técnicas e os familiares.

A enfermeira Thaís Brito, gerente de enfermagem da Holiste, ratifica que as funções destinadas ao profissional de enfermagem no meio psiquiátrico vão além dos “protocolos clínicos” relacionados a diversas doenças. “Nosso papel extrapola as tarefas tradicionais, como verificação dos sinais vitais, avaliação do prontuário, administração de medicamentos, da higiene e alimentação dos pacientes”, detalha.

Na Holiste, seguindo a missão de participar da reconstituição da vida do paciente enquanto indivíduo na sociedade, os profissionais de enfermagem adotaram atitudes conscientes, imediatas e diferenciadas. “A psiquiatria nos demanda, todos os dias, atitudes e abordagens específicas para cada paciente. Buscamos discutir cada demanda e qual a melhor forma de intervenção”, complementa Thais.

Aliança Terapêutica

Acolher – do latim “acolligere”, significa oferecer refúgio, proteção ou conforto físico, amparar. É justamente isso que a pessoa que está chegando à clínica para ser internada, acompanhada por seus familiares, necessita receber do profissional de enfermagem. “Estamos em constante capacitação para realização do atendimento ao paciente com transtorno mental, sobretudo durante a etapa de acolhimento, que inclui, também, a interação com seus familiares, pois o momento da internação (involuntária ou não) é muito delicado. O paciente está se desligando da família, saindo de sua casa”, pondera a enfermeira Danielle Miranda, supervisora de enfermagem da Holiste.

Danielle salienta a importância dos profissionais de enfermagem no processo de recuperação do paciente psiquiátrico. Segundo ela, é necessário um olhar atento e uma escuta diferenciada para que o paciente desenvolva um vínculo com a equipe. “Esta construção inicial da troca vai fazer toda a diferença na elaboração do que chamamos de aliança terapêutica. O enfermeiro deve posicionar-se como um agente terapêutico, não apenas seguir os protocolos clínicos de enfermagem. Dessa forma, haverá uma resposta terapêutica mais eficaz”, pontua.

 Trabalho em equipe

O trabalho em equipe é fundamental no cuidado com o paciente.  A equipe de enfermagem trabalha em conjunto com psiquiatras, psicólogos, terapeutas, fisioterapeutas e outros profissionais. “Não tem como fazer Enfermagem Psiquiátrica se não houver a troca e a sintonia entre as equipes. É imprescindível uma comunicação clara, fácil e rápida, para que todos entendam a história do paciente e conheçam os recursos disponíveis para, a partir daí, atuar nas questões que lhe são pertinentes”, avalia Danielle.

Cuidando de quem cuida

Para assegurar um atendimento nos modernos padrões da Enfermagem Psiquiátrica, a Holiste vem investindo na capacitação dos seus profissionais. Enfermeiros, técnicos de enfermagem e cuidadores participam constantemente de cursos, especializações, capacitações, treinamentos, palestras e reuniões técnicas semanais. “Além dos investimentos na preparação técnica, visando um atendimento de excelência para os pacientes e familiares, cuidamos dos nossos profissionais, supervisionando o comportamento de cada um deles, visando sempre à melhoria na qualidade da assistência”, acrescenta a gerente de enfermagem.

 

Profissão cuidador

Além do enfermeiro e do técnico de enfermagem, a equipe de enfermagem da Holiste conta com um time de cuidadores, profissionais que dão assistência integral ao paciente, em praticamente todas as atividades de seu dia a dia. Segundo o psicólogo Cláudio Melo, sua tarefa é cuidar, observar, ouvir e conversar com os pacientes, auxiliando-os na realização de suas tarefas diárias – como alimentação e banho – assim como acompanhá-los nas atividades terapêuticas, recreativas e físicas, para que as execute de forma satisfatória.

“Como o cuidador está protegendo o paciente, algumas vezes a sua função é confundida erroneamente com a de um segurança. As pessoas acham que ele está ao lado do paciente apenas com intuito de vigiar, mas a atuação deles é mais abrangente”, explica Cláudio que, durante os cursos e treinamentos, tem a preocupação de ressaltar o real papel dos cuidadores: “na verdade é uma mudança de paradigma, pois antigamente eles eram chamados de apoio e preferimos adotar o nome de cuidador, que reflete a sua real função de cuidar”.

De forma poética, o filme Intocáveis apresenta a relação entre um multimilionário francês tetraplégico e seu acompanhante. O filme retrata algo que Cláudio aponta como um terreno fértil para interações terapêuticas que podem ajudar o paciente a trabalhar questões pessoais e de promoção do convívio social. Neste contexto, o papel do cuidador é estratégico: “Estes profissionais convivem 24 horas com os pacientes e são os que mais estão presentes na vida deles. Portanto, devem estar preparados para cuidá-los e auxiliá-los de forma adequada”, sinaliza o psicólogo, acrescentando que o cuidador deve ter um perfil voltado para cuidar do outro, com habilidades de compreensão e empatia.