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ENVELHECIMENTO E DEPRESSÃO | QUAIS AS RELAÇÕES

Chegar à terceira idade é um desafio. Em alguns casos, o processo pode ocorrer acompanhado de um adoecimento físico e/ ou psíquico. A depressão é uma das doenças mentais com grande incidência nesse público. O psiquiatra e psicogeriatra da Holiste, André Gordilho, falou sobre o tema em entrevista ao programa Metrópole Saúde.

O envelhecimento deveria ser uma fase de tranquilidade e descanso: o indivíduo já está aposentado, os filhos já estão crescidos e, ao menos em teoria, a vida deveria ser mais simples. Mas, chegar à terceira idade pode trazer consequências físicas e psicológicas que merecem atenção especial, antes que resultem em um quadro mais grave.

O envelhecimento é uma fase adaptativa que requer atenção e cuidado, sobretudo com a saúde mental do idoso. Gordilho aponta que o Brasil está envelhecendo, e se faz necessário ter um olhar diferenciado sobre essa faixa da população.

“A depressão no idoso tem particularidades que se manifestam, muitas vezes, como queixas de dor física, problemas gástricos, dificuldades de memorizar e de atenção, se confundindo com quadros de demência ou outras doenças físicas”, afirma.

Ouça o áudio da entrevista.

Sinais de alerta e diagnóstico

Alguns fatores servem como alerta para um quadro de depressão na terceira idade. O estigma de que é normal o idoso perder o interesse pelas atividades sociais ou profissionais, o afastamento afetivo, são convenções sociais que prejudicam o diagnóstico da doença; é preciso perceber os sintomas de que algo não está bem e precisa ser investigado.

“Pelo fato do idoso ter, em geral, menos vida social que um jovem, a família e pessoas próximas podem achar natural ele ficar em casa, sem fazer muitas atividades. Isso não é normal. A pessoa na terceira idade também quer ter vida social, quer sair, quer ter novas experiências. Quando não há interesse e o idoso começa a se isolar, deixar de interagir, isso deve ser encarado como um sinal de alerta. As pessoas esperam isso do envelhecimento, aquele estereótipo da pessoa na cadeira de balanço, em casa, quieta, sozinha, mas isso não deve ser o normal”, alerta o psiquiatra.

Lidando com as perdas e a depressão no envelhecimento

Perdas fazem parte do ciclo natural da vida. Superá-las, entretanto, não é uma tarefa fácil. Muitas vezes associadas ao luto, visto que a morte de alguém querido pode ser um fator que desencadeie a depressão, existem perdas que levam a uma incapacidade ou limitação física e mental, e necessitam ser avaliadas.

“Temos a perda de funções, quando por exemplo o idoso deixa de conseguir se locomover sozinho ou fazer outras atividades do dia a dia. Além disso, fatores como aposentadoria, afastamento da família (quando os netos crescem, por exemplo) e o luto. Depende de como a pessoa lida com as situações, da estrutura psicológica dela, da rede de apoio, da capacidade de resiliência, de uma série de fatores; mas, as perdas são importantes no desencadeamento da depressão”, comenta o psiquiatra.

Tratamento multidisciplinar

André Gordilho salienta que o tratamento normalmente envolve o uso de medicações, associado à psicoterapia e à atividade física, pontuando que existe uma gama de possibilidades terapêuticas que podem ser empregadas, de acordo com as particularidades do caso.

“Na Holiste, a avaliação do paciente e o plano terapêutico são feitos de forma individual e pode envolver muitos recursos, como terapia ocupacional, arteterapia, musicoterapia e outros. Precisamos considerar, de qualquer forma, o contexto do paciente. Se ele encontra um grupo de pessoas que jogam buraco e gosta daquilo, ali pode estar sua socialização, pode ter uma função. A família também não deve, no sentido de proteger o idoso, não deixar ele fazer nada. Se ele tem condições, consegue fazer e quer fazer, deve-se deixar ele se ocupar”, comenta.