Atividades específicas estimulam e recuperam as funções cognitivas de pacientes idosos acometidos por transtornos mentais, ampliando sua autonomia e bem-estar.
Além dos sintomas comuns aos transtornos mentais, pacientes da terceira idade têm de enfrentar outras condições clínicas comuns a essa fase da vida, como hipertensão, diabetes, osteoporose, etc. A perda cognitiva é um quadro bastante recorrente em pessoas da terceira idade, principalmente naquelas portadoras de transtornos mentais, pois a doença mental acelera e potencializa o processo de perda cognitiva. Mas, um novo programa de estimulação cognitiva tem mudado a realidade dos pacientes idosos da Holiste.
Denominado de Ativamente, o programa dedica-se a promover a saúde do indivíduo e contribuir para sua autonomia, através de atividades que estimulem suas funções cognitivas. Em muitos casos, é possível recuperar funções que tinham sido deterioradas pela doença; noutros, as atividades conseguiram conter o avanço da perda cognitiva, preservando a funcionalidade do paciente.
Como funciona
Primeiro, a equipe analisa as necessidades do paciente por meio de testes práticos e entrevistas com o mesmo e sua família. “Modelamos o programa de forma personalizada, focando especificamente as necessidades e dificuldades de cada paciente”, diz a psicóloga Raíssa Silveira. Depois, o paciente atende às sessões de estimulação cognitiva, que acontecem de duas a três vezes na semana, dependendo da gravidade do caso. O programa tem duração mínima de quatro meses e, a cada finalização de ciclo, é realizada uma análise dos resultados e reavaliação do paciente.
Entre as habilidades medidas estão: memória; linguagem; atenção; praxias, ou seja, a capacidade de executar movimentos; gnosias, que são as capacidades perceptivas; e, por fim, as funções executivas e de planejamento de objetivos.
Multidisciplinaridade
Pequenas melhorias, ou mesmo a estabilização das funções cognitivas, podem ser consideradas ganhos de saúde significativos. Exercícios multidisciplinares estimulam a criatividade, a capacidade física, mental e sociocognitiva, possibilitando maior independência na realização das atividades da vida diária. De acordo com a psicopedagoga e musicoterapeuta Nadja Pinho, “A musicoterapia, por exemplo, estimula a expressão e a movimentação corporal, o ritmo da passada, ao mesmo tempo em que resgata a memórias emotivas do paciente que se relacionam com as músicas utilizadas nas sessões, por exemplo”.
A arteterapia também faz parte do programa, como explica a arteterapeuta Narajane Oliveira: “A arteterapia é um instrumento poderoso na estimulação cognitiva, trabalhando formas, cores, perspectivas, capacidade de abstração do paciente, o que o auxilia no reconhecimento de padrões, na elaboração de ideias e estratégias para a resolução dos problemas de seu dia a dia”, pontua.
Resultados
Os resultados da primeira etapa do programa corresponderam às expectativas da equipe: cerca de 70% dos idosos apresentaram aumentos quantitativos e qualitativos de suas funções cognitivas. Houve, também, uma melhora da qualidade de vida em 90% dos pacientes.
“Após a participação no programa, foi observada uma maior autonomia, independência e capacidade de escolha do indivíduo. Com a inserção de uma rotina de atividade significativas vieram novos padrões de vida, o que permitiu aos idosos um envolvimento ativo, maior funcionalidade, participação social, bons hábitos de saúde e poder de escolha, desde as mais simples às mais complexas”, lista Michelle Campos, terapeuta ocupacional e coordenadora do núcleo da terceira idade da Holiste.