No último mês de maio, profissionais que atuam em Saúde Mental de todo Brasil se reuniram em São Paulo para participarem do 5º Congresso Brasileiro de Saúde Mental realizado pela ABRASME com o tema: “Juntos nas diferenças: sonhos, lutas e mobilização social pela reforma psiquiátrica”.
A equipe de psicólogos e terapeutas do Holiste Dia esteve presente no evento. Um dos destaques da participação da equipe foi a apresentação painel do psicólogo e coordenador do Hospital Dia, Ueliton Pereira.
ATIVIDADES EXTERNAS E A AUTONOMIA
A apresentação de Ueliton teve como tema “Atividade externa como Instrumento de promoção da saúde e autonomia”, onde destacou o uso das atividades externas realizadas no hospital dia como uma importante ferramenta terapêutica.
“A Reabilitação Psicossocial é um processo composto por um conjunto de estratégias, com a finalidade de aumentar as oportunidades de troca de recursos e de afetos. Dado que a Reabilitação Psicossocial se dá, em essência, por meio de práticas territoriais, apostamos na importância do uso cada vez mais frequente do território por parte do nosso serviço de saúde mental, com o objetivo de transformação consciente do cotidiano” explica o psicólogo.
As atividades externas propõem um uso do território a fim de resgatar as relações sociais que foram perdidas pelo adoecimento psíquico. O trabalho no território é um pressuposto para a consolidação da mudança de paradigma na atenção à saúde mental, visto que desloca as intervenções do espaço institucional para o cuidado do indivíduo na comunidade. É compreendida como uma possibilidade de cuidado, na medida em que permite uma prática terapêutica orientada para a criação de estratégias voltadas à convivência e ao estabelecimento de redes de afetos e de sociabilidades.
O uso do território, nessas atividades externas, é efetivo porque nele se encontram os recursos de convívio social necessários à recuperação do paciente – as pessoas, os trabalhadores, os familiares e a comunidade.
“As atividades externas, que requerem mais atenção e cuidado, tem nos ensinado que a simplicidade das vivências traz ricos resultados terapêuticos. A ida à uma praia, cinema, teatro ou clube, por exemplo, tem resgatado memórias e vivências cheias de afetos que permitem os técnicos a trabalharem um conteúdo que jamais tinham sido trazidos, mas que devido a contingência daquele lugar, se permitiram compartilhar e resignificar suas lembranças”, conclui Ueliton Pereira.