Em entrevista ao Jornal A Tarde, Ueliton Pereira, psicólogo e Diretor Técnico da Holiste, explica como jogos e apostas podem causar dependência e problemas de saúde mental.
No Brasil, a popularidade dos cassinos virtuais e das plataformas de apostas esportivas tem crescido rapidamente, impulsionada pela facilidade de acesso e a promessa de ganhos rápidos. Este cenário tem gerado preocupações em relação à saúde mental, pois a natureza envolvente dessas atividades pode levar a comportamentos compulsivos. Problemas psicológicos como ansiedade, depressão e estresse financeiro são comuns entre os jogadores problemáticos, que muitas vezes enfrentam dificuldades em reconhecer e controlar sua compulsão.
Vício igual a droga
Quando esses jogos atingem o nível de vício, eles passam a estimular a mesma área do cérebro que outras drogas, como maconha e cocaína, segundo Ueliton Pereira, psicólogo e diretor técnico da Holiste Psiquiatria. “Essa busca pela sensação de ser recompensado faz com que a pessoa desenvolva a compulsão de continuar jogando. Quando atinge esse grau de dependência, chamamos de ‘pessoas viciadas’, que necessitam do jogo para viver, trabalhar, e realizar qualquer outra atividade.”
Comportamento
A pessoa com transtorno de jogo compulsivo apresenta comportamentos que refletem sua luta com o vício. Ela tende a gastar cada vez mais tempo e dinheiro em jogos de azar, apesar das consequências negativas. Sentimentos de ansiedade, culpa e vergonha são comuns, especialmente quando enfrenta perdas financeiras significativas. A recorrência é uma marca do vício: mesmo após tentativas de parar, a pessoa frequentemente recai, atraída pela promessa ilusória de recuperar perdas ou sentir novamente a euforia inicial. Esse ciclo vicioso muitas vezes leva ao isolamento social, problemas familiares e dificuldades no trabalho, agravando ainda mais a situação.
Conclusão
Para o psicólogo, é preciso que as pessoas fiquem atentas ao tipo de relação mantida com esses jogos. “Se está nessa situação tem que procurar ajuda. O recomendado é buscar a psicoterapia, que pode ajudar a perceber a compulsão e a necessidade de definir limites com as apostas; grupos terapêuticos de ajuda mútua (…) e um psiquiatra, porque muitos desenvolvem ansiedade, quadro depressivo devido às perdas financeiras, até ideias suicidas”, indica Ueliton Pereira. A intervenção precoce por meio de psicoterapia, grupos de apoio e acompanhamento psiquiátrico pode fazer a diferença na vida daqueles que lutam contra a compulsão.
