RIO – O brasileiro está mais feliz, ou pelo menos se sentia melhor sobre os rumos da sua vida antes do início da onda de protestos que tomou as ruas este ano. É o que mostra o novo relatório sobre a felicidade global publicado pela ONU esta semana com base em entrevistas feitas pelo Instituto Gallup com 500 mil pessoas em mais de 150 países entre 2010 e 2012. Segundo o levantamento, o Brasil avançou uma posição na lista, saindo do 25º lugar no ranking divulgado no ano passado (com dados relativos ao período 2005-2007) para o 24º no deste ano, com média de 6,849 pontos numa escala de um a dez.
O relatório, no entanto, não se restringe a listar os países com os cidadãos mais ou menos felizes e procura pela primeira vez também analisar os principais fatores que influenciam na percepção de felicidade com a vida das pessoas, diferenciá-la de estados emocionais circunstanciais e como ela afeta longevidade, produtividade e exercício da cidadania, tornando-se fundamental para o progresso do próprio país. Assim, o documento identificou seis destes fatores: PIB per capita, expectativa de vida saudável, liberdade de escolhas sobre a própria vida, apoio social, experiências de generosidade e percepção da corrupção.
Diante disso, é fácil perceber por que as primeiras posições do ranking foram dominadas por alguns dos países mais ricos do mundo que também contam com fortes estruturas de bem-estar social, enquanto nações pobres ou atingidas por conflitos internos ou externos ficaram com os últimos lugares. No topo da lista estão, na ordem, Dinamarca, Noruega, Suíça, Holanda e Suécia. Já na parte de baixo, Togo, Benin, República Centro-Africana, Burundi e Ruanda.
A comparação entre os dois rankings também permitiu medir os efeitos da crise financeira de 2008 na felicidade global, assim como dos protestos da Primavera Árabe que tomaram os países do Norte da África e Oriente Médio nos últimos anos. O aumento do desemprego e os problemas econômicos cobraram seu preço principalmente na Europa, o que fez países como Grécia, Espanha, Itália e Portugal despencarem no ranking. Mas foi na região do Norte da África e Oriente Médio que os resultados pioraram mais. Em conjunto, seu índice de felicidade caiu 0,637 ponto, enquanto o Egito foi o que apresentou a maior queda entre todos os países presentes nos dois relatórios, de 1,153 ponto.
— Agora temos uma crescente demanda global para que as políticas (governamentais) se alinhem mais com o que realmente importa para as pessoas no que elas mesmas caracterizam como seu bem-estar — resumiu o economista Jeffrey Sachs, diretor da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU e um dos autores do relatório.
Fonte: O Globo.