Anorexia é um transtorno alimentar que afeta, principalmente, jovens mulheres. Um estudo alemão avalia a eficácia de modalidades de psicoterapia para tratamento ambulatorial deste sério problema.
Eles realizaram um ensaio clínico comparando 3 tipos de tratamentos psicológicos ambulatoriais em mulheres adultas recrutadas de 10 hospitais universitários. Foram incluídas cerca de 80 mulheres para os seguintes tipos de terapia: focal psicodinâmica, comportamental cognitiva e um tratamento costumizado que combinava elementos de psicoterapia com atendimento estruturado fornecido por um médico de família. Os tratamentos duraram 10 meses e ao final do estudo as participantes eram avaliadas quanto ao ganho de peso, aumento do índice de massa corporal (IMC) e bem estar psicológico.
Os resultados são promissores. Ao final do seguimento, o IMC aumentou em todos os grupos de estudo sem diferenças significativas entre eles. Após 12 meses, os resultados eram ainda melhores, já que o IMC havia aumentado ainda mais. Também não foram observadas reações adversas graves decorrentes de eventual perda de peso ou do próprio tratamento. No geral, o tratamento costumizado foi eficaz e pode ser usado como primeira linha de tratamento para casos de anorexia. Uma limitação do estudo foi a alta taxa de desistência, 30%, uma situação bem comum, já que a aceitação do tratamento é um grande desafio no manejo de pacientes com anorexia nervosa.
A principal razão para esta dificuldade é normalmente a alta ambivalência da paciente e não aceitação da gravidade da doença. E para os terapeutas não é nada fácil. Eles não só têm que lidar com um processo de terapia frequentemente difícil, mas também devem assumir responsabilidades pelas complicações físicas e psiquiátricas associadas à anorexia. Mas a julgar pelos resultados, a vida dos médicos que cuidam de anorexia nervosa vai ficar menos complicada. (Zipfel et al.Focal psychodynamic therapy, cognitive behaviour therapy, and optimised treatment as usual in outpatients with anorexia nervosa (ANTOP study): randomised controlled trial. Lancet 2014; 383: 127–37)
FONTE – Blog Dr Alexandre Faisal