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O PAPEL DA FAMÍLIA NA INTERNAÇÃO

Na edição de janeiro do Encontros Holiste, a psicóloga Liz Fernanda Motta abordou como o suporte familiar é fundamental na internação de dependentes químicos.

A dependência química é uma doença que afeta não só o paciente, mas toda sua família. Com as relações familiares estremecidas por conta dos comportamentos nocivos do adicto, a internação se torna um recurso fundamental na recuperação do paciente, pois a família já não sabe lidar com a situação.

Liz explica que essa falta de controle pode trazer grandes consequências à estrutura familiar, porque muitas vezes “ele acaba partindo para outro processo: fazendo furtos dentro de casa ou se expondo a riscos usando substâncias fora de casa. Com isso a família se sente perdida, insegura, com medo e cheia de incertezas”.

Assista à palestra completa:

A FAMÍLIA DURANTE A INTERNAÇÃO

Quando a família recorre à internação, o primeiro passo da equipe profissional é conscientizá-la sobre o diagnóstico, explicando a dependência enquanto doença. Por vezes, esse processo de aceitação torna-se desgastante: “A família tem dificuldade de vivenciar essas experiências destruidoras sozinhas, porque é difícil perceber seu familiar na rua, sem cuidados, perdendo a autoestima”, destaca a psicóloga.

Muitas vezes, os parentes também precisam de acompanhamento psicológico, seja através de terapias individuais, atendimentos de família ou em grupos. Liz afirma que os grupos de família fazem total diferença no tratamento, pois os familiares compartilham questões e situações comuns entre os casos, facilitando o processo de aceitação e compartilhando estratégias de cuidado.

OS PAPÉIS DE CADA UM

Um dos consensos, quando se trata da recuperação de dependentes químicos, é que o tratamento só terá êxito caso o paciente tenha o desejo de se livrar do vício. A psicóloga salienta que “entrar em recuperação depende do desejo de cada um e do apoio da família”, e afirma que é uma função significativa ajudar o paciente a ressignificar a vida, mostrando a possibilidade de viver de forma digna e saudável.

“O trabalho em grupo é fundamental para a família entender seu papel de apoiadora no processo da internação, e não cabe a ela fazer tudo no processo; o paciente também tem o seu lugar, fazendo a parte que lhe cabe no tratamento”, afirma Liz Fernanda Motta.

O CONVÍVIO FAMILIAR PÓS INTERNAÇÃO

Embora seja um processo doloroso, o retorno do paciente ao convívio familiar não deve acontecer pela via do isolamento. A volta do adicto requer muito apoio da família, ainda que as relações possuam algum desgaste, para que ele se sinta útil e reinserido na sociedade.

Nessa fase, é responsabilidade da família cuidar, orientar e colocar limites, sinalizando comportamentos de recaídas à medida em que o indivíduo deixa de seguir o plano terapêutico, com a atenção de não desresponsabilizar o indivíduo sobre seu próprio bem estar.

“A equipe profissional tem esse cuidado de construir o plano junto com o paciente. A partir do momento que isso é colocado para ele e fazendo o vínculo com a família, permite que eles assumam esse compromisso juntos”, aponta Liz Fernanda.