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OS CONSELHOS DO ATRASO | por Luiz Fernando Pedroso

Em artigo publicado no jornal A Tarde, o psiquiatra Luiz Fernando Pedroso, diretor clínico da Holiste, abordou o problema da burocracia estatal e de conselhos de classe como o CRM.

Foi com muita surpresa e indignação que recebi um comunicado do Conselho Regional de Medicina da Bahia informando ter aberto um processo ético contra minha pessoa por estar trabalhando com Telemedicina. O que surpreendeu foi a extemporaneidade da notícia, pois estamos em julho e, desde o inicio da pandemia, inúmeros órgãos da burocracia corporativa já haviam “liberado” essa ferramenta. Já a indignação é antiga e vem desde quando o Conselho Federal de Medicina resolveu proibir a Telemedicina, passando pelas admoestações que sofremos do conselho local por oferecermos o serviço.

Há muito tempo, a Telemedicina é praticada no mundo inteiro, mas no Brasil vinha sendo inibida por esses órgãos burocrático corporativos, até que a pandemia tornou insustentável esse despropósito regulamentatório que, como tantos outros da mesma estirpe, condena nosso país ao atraso. Porém, sua importância aqui é anterior à pandemia, inclusive para serviços de saúde como o nosso, que atendem pacientes do interior da Bahia, de outros estados e do exterior, cujas distâncias, custos e dificuldades de locomoção dificultam a proximidade com seu psiquiatra e/ou terapeuta. Por isso, sempre fiéis ao nosso compromisso em oferecer uma assistência de alto padrão, nunca hesitamos em colocar ao alcance dos nossos pacientes os mais modernos recursos para a manutenção de sua saúde mental, inclusive a Telemedicina.

A resistência reacionária às iniciativas privadas, em particular na saúde, mostra sua aversão à pluralidade de ideias e serviços, bem como sua ideologia mussoliniana de que “tudo deve ocorrer somente dentro do estado”. Para eles, o sistema deve ser “único”, pois, se diversificado, perderiam o controle autoritário sobre a sociedade e as categorias profissionais às quais dizem representar. Compostos em grande parte por arrivistas sociais em busca de prestígio e visibilidade, esses conselhos se dedicam a fazer mais e mais regulamentações para aumentar seu status fiscalizatório sobre os médicos, em detrimento da liberdade individual no exercício profissional. São pessoas de pouca relevância, autoproclamadas “autoridades” para dar lições aos outros sobre como fazer aquilo que, na prática, nunca fizeram.

Para nós, a liberdade é um valor inegociável. Portanto, não contemplamos a possibilidade de pedirmos permissão a quem quer que seja para tomarmos iniciativas de fazer o melhor por nossos pacientes. Nenhuma regulamentação corporativa pode retirar nosso direito constitucional e inalienável de empreender, de sermos financiados pelo mercado e de não recorrermos ao dinheiro público. O mau conselho será ignorado e nossa Telemedicina seguirá em frente.