A maioria das pessoas pensa que o trabalho do fonoaudiólogo se restringe ao tratamento de problemas na fala. Nesse artigo, Giciane Reis, fonoaudióloga da Holiste, demonstra as possibilidades do tratamento com o fonoaudiólogo.
Mesmo sendo uma ciência com mais de cinquenta anos de existência no Brasil, ainda encontramos, nos dias atuais, orientações leigas sobre quais seriam as melhores condutas para as alterações da comunicação. Na maioria das vezes, o caso não é encaminhado ao fonoaudiólogo, profissional mais indicado para esse tipo de demanda, mesmo por parte dos profissionais de saúde.
O bom exemplo do que foi dito acima é mito popular do “Coloca a criança na escola que ela começa a falar”! Realmente a escola é um ambiente de estímulo interacional importantíssimo, mas não oferece estratégias terapêuticas de estimulação e tratamento de linguagem. Se temos uma criança que não apresenta fala aos três anos e a inserimos no ambiente escolar, ela não iniciará a fala equivalente a uma criança de 3 anos, tendo o curso do seu desenvolvimento com atraso, o que precisa ser corrigido o quanto antes por um profissional capacitado.
A melhor forma de conduzir as manifestações das alterações fonoaudiológicas é procurar um profissional especializado, para que este possa orientar as melhores condutas para problemas relacionados a: gagueira, sucção, amamentação, aprendizagem, trocas de letras, alteração na linguagem oral e/ou escrita, dificuldades na audição, mastigação, deglutição, respiração, rouquidão, interação social, estética, entre outras.
Quando sentimos febre, sabemos que esta pode ser sintoma de várias doenças, mas o que leva ao diagnóstico são os demais sintomas associados. A febre associada à dor de garganta, calafrios, tosse, espirros, leva ao diagnóstico gripe, por exemplo. Também é assim com as alterações fonoaudiológicas: precisamos investigar as demais manifestações associadas para a elaboração de um diagnóstico e início de um tratamento. Na maioria das vezes, um simples atraso da linguagem oral pode anteceder uma futura alteração na linguagem escrita; entretanto, a tendência é que isto seja apenas observado durante o período de alfabetização da criança, justo no momento em que o aluno já deveria fazer uma associação do fonema (som) a um grafema (letra). Se a consciência fonológica dessa criança não estiver formada e dentro do desenvolvimento correto, podemos encontrar, no período escolar, alterações significativas de leitura e escrita.
O profissional de Fonoaudiologia desenvolve ações nas áreas de prevenção e promoção à saúde, realizando avaliação, diagnóstico, tratamento e orientação. A atuação se divide em diversas áreas da comunicação humana, sendo elas: fala, voz, audição, linguagem oral e escrita, fluência, motricidade orofacial, disfagia, fonoaudiologia educacional, neurofuncional, do trabalho, neuropsicologia, gerontologia e saúde coletiva.
Fomos educados socialmente a nos preocupar mais com os marcos motores do desenvolvimento, como rolar, sentar, andar, correr. Porém, o desenvolvimento da linguagem oral também tem grande importância no aspecto neuropsicomotor de uma criança. O fonoaudiólogo é o especialista mais indicado para avaliar estes marcos, acolher e tranquilizar os pais quanto ao desenvolvimento de seus filhos e iniciar possíveis intervenções, reduzindo os riscos de maiores e futuras dificuldades.