É com grande satisfação que apresentamos a primeira edição da Revista Reflexões, um compilado de artigos produzidos pelos profissionais da Holiste com o objetivo de falar sobre saúde mental de um modo diferente, através das correlações do tema com aspectos e situações do nosso cotidiano, em uma linguagem simples e prazerosa.
Iniciada ainda em 2016, a coluna Desmistificando a Saúde Mental publicou os referidos artigos em jornais impressos, veículos digitais e em nossas redes sociais, tornando a saúde mental uma pauta mais presente no dia a dia das pessoas. Pretendemos, com esta primeira edição, amplificar a circulação desses artigos, abrindo um diálogo ainda mais consistente com o campo social.
INCENTIVANDO O DEBATE
Abrimos esta edição com o texto “Um médico paciente”, de Victor Pablo, em que a virtude dos profissionais da saúde mental é problematizada frente aos diversos imperativos a que esses profissionais são submetidos. Em meu texto “A angústia de hoje, ontem ainda”, questiono o afeto na contemporaneidade e quais novas formas de solucionar o mal-estar são ofertadas pelos novos discursos.
Em “Ciúme patológico: do zelo à compulsão”, Fabiana Nery distingue as manifestações do ciúme, sua forma patológica e a necessidade de buscar tratamento. Em direção similar, em seu artigo “Psiquiatria Salva Vidas”, Luiz Fernando Pedroso alerta sobre a necessidade da doença mental não ser negligenciada, mantida sob o véu de preconceitos e apartada do debate social mais amplo.
Cláudio Melo, em “Dor: é preciso escutá-la”, aborda o tema da dor crônica e as dificuldades no seu tratamento, ressaltando o caráter subjetivo desse transtorno. A possibilidade de simbolização como ferramenta de tratamento é abordada por Daniela Araújo em “Que fazer com o luto?”, onde a fala surge como um meio de elaboração da perda.
Em “Parem de falar mal da rotina”, Isabel Castelo Branco elucida a importância da organização diária como instrumento de manejo e tratamento do paciente bipolar. Joyce Souza, em “Terapia nutricional: alimentação associada ao tratamento de transtornos mentais”, demonstra como a nutrição pode complementar os efeitos do tratamento em saúde mental.
A tríade final, composta pelos textos de Pablo Sauce, “O crack das políticas sobre drogas no Brasil”, André Dória, “Respire, Dona”;e Caroline Severo, “Isolada, mente”; compõem um quadro de leituras bastante atual sobre os efeitos do discurso contemporâneo relacionados à subjetividade. A problematização da política das drogas, polarizada entre o liberalismo e o proibicionismo, promove efeitos nas vidas dos indivíduos, bem como o furor medicamentalista da indústria farmacêutica. O fechamento dos hospitais psiquiátricos, sem o devido questionamento sobre a reinserção social dos pacientes, coloca em cheque os efeitos devastadores de políticas antimanicomiais, que não consideram as particularidades do caso a caso.
Desejamos que nossos textos incitem não o conformismo das ideias prontas, mas as inquietações do debate intelectual. Mais que informar, esperamos que eles sirvam como fagulhas que acendam o tema da saúde mental nos mais variados círculos sociais.
Rogério Barros – Coordenador da coluna Desmistificando a Saúde Mental