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Sexualidade: O momento de procurar a Psicoterapia

Ao longo do tempo, diversas expressões da sexualidade foram tratadas como desvios de conduta ou até mesmo problemas de saúde. Mas, quando realmente é necessário procurar ajuda profissional por conta da sexualidade?

 

Esse foi o tema abordado por Lara Cannone, psicóloga da Holiste, na edição de janeiro do Encontros Holiste. O evento é voltado para pacientes e familiares de pessoas com transtorno mental, realizado no auditório da Holiste e tem inscrição gratuita.

 

Assista a palestra completa:

 

O QUE É SEXUALIDADE?

A sexualidade é uma expressão fundamental da vida humana, composta e influenciada por uma série de fatores: biologia, sociedade, cultura, política, história, dentre outros. Além dessas condições ambientais, que são externas ao indivíduo, há aspectos relacionados às particularidades de cada pessoa: autoestima, bem-estar, grau de educação, afetividade, valores, modo de relação com o próprio corpo, relacionamento interpessoal, relação sexual, etc.

Quando algum desses aspectos causa desconforto ou sofrimento no indivíduo, a partir do momento em que esteja interferindo na experiência dessa pessoa com sua sexualidade, é o momento de procurar auxílio da psicoterapia.

“Quando a gente tá falando da psicoterapia, a gente vai enfatizar os aspectos pessoais que o fator relacional com o meio vai causar no indivíduo” – Explica Lara.

 

COMO É A ATUAÇÃO DO PSICOTERAPEUTA?

Diferente de alguns diagnósticos, onde o trabalho do profissional de saúde mental é devolver o paciente à um padrão de normalidade comportamental, no caso da sexualidade a psicoterapia vai cumprir um outro papel, mais relacionado à redução do sofrimento causado por algum aspecto da vivência dessa sexualidade.

“O profissional de saúde não está nesse lugar, por exemplo, de criticar, de julgar ou de tentar reverter, por exemplo, uma orientação sexual. Isso não é ético, existe um código de ética da psicologia que nos veta de fazer esse tipo de prática.

Mas, além disso tudo, é uma questão fundamental de que a diversidade, a diferença entre os seres humanos existe no âmbito sexual” – pontua a psicóloga.

 

QUAL A IMPORTÂNCIA DE TRATAR A SEXUALIDADE?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a sexualidade um dos aspectos fundamentais para a saúde do corpo e da mente das pessoas. Para isso, descreve que uma sexualidade saudável parte de uma “vida sexual agradável e segura, livre de coerção, discriminação e violência, com direito à privacidade e educação”.

Esse é um conceito bem amplo, que expande visões ultrapassadas como a ideia de que a sexualidade está vinculada a aspectos reprodutivos, apenas. Hoje, já é consenso que o corpo tem um papel funcional e erógeno, que o sexo é, além de um meio reprodutor, uma grande fonte de prazer.

“A gente tem avançado muito nessa questão da discussão da saúde, de enxergar a sexualidade de uma forma mais ampla, mas é importante dizer, sim, que ainda existe mitos e tabus dentro da própria saúde que, às avezes, acabam normatizando ou criando um ideal de sexualidade que vai obedecer a uma ordem, por exemplo, heterossexual, como normal.

Ou, que sexualidade é apenas sinônimo de sexo, de penetração, essa lógica mais falocêntrica, que existe uma forma ideal de se chegar a um orgasmo, e que existe uma prática sexual universal que todo mundo deveria seguir” – esclarece a especialista.

 

O PAPEL DA FAMÍLIA

Como em qualquer tratamento de transtorno mental, a família desempenha um papel muito importante na recuperação do paciente. Quando tratamos da sexualidade, até mesmo a ideia de família sofre os efeitos desse conceito: o que é uma família? Somente o núcleo formado por um homem e uma mulher? Assim, seria mais correto pensar em famílias, no plural, onde cada uma deve entender sua configuração e pensar a sua atuação em relação aos seus membros.

“A família tem um papel tanto em fortalecer o sujeito para que ele procure ajuda, ou ser a primeira pessoa de referência que identifica que existe um conflito. Às vezes a pessoa nem percebe que há um problema em sua sexualidade, mas quem tá próximo percebe, dá esse toque, dá essa força.

Mas, também, a família pode ter um papel completamente contrário, que é o de fortalecer esse adoecimento, esse sofrimento, a partir do momento em que esses estigmas, essa questão de tabus são reafirmadas” – finaliza a psicóloga.