Em julho deste ano, Chester Bennington, vocalista da banda americana Linkin Park, cometeu suicídio. Sua esposa compartilhou um vídeo feito 36 horas antes do ato, com o intuito de mostrar às pessoas que a depressão não é uma doença tão óbvia quanto parece.
Nas imagens compartilhadas por Talinda Bennington, Chester aparece sorrindo e brincando com a família, sem os sinais mais clássicos da depressão ou de que cometeria suicídio. O vídeo é um alerta para que as pessoas entendam que a depressão é uma doença complexa e que, às vezes, os sintomas podem não ser tão evidentes, exigindo o máximo de atenção dos especialistas e da família.
Assista ao vídeo:
DEPRESSÃO NÃO É SINÔNIMO DE TRISTEZA
Um dos maiores equívocos no acompanhamento de um paciente deprimido é pensar que o mesmo sempre apresentará uma tristeza permanente, que nunca vai embora. Nos casos mais graves de depressão, diferentes comportamentos podem sem observados, inclusive uma total catatonia, um estado de total paralisia que difere da tristeza e da alegria.
Nos episódios que envolvem o risco de suicídio, é comum o paciente apresentar uma melhora do humor depressivo pouco tempo antes de tentar o ato, como alerta Lívia Castelo Branco, psiquiatra da Holiste:
“O paciente com depressão grave às vezes não encontra forças para cometer o ato, mesmo já tendo a ideação suicida. Ele está em um estado de catatonia que o impossibilita de cometer suicídio, e quando a medicação começa a fazer efeito, quando ele começa a melhorar, encontra energia suficiente para levar o seu plano suicida adiante. É uma fase que precisa de bastante atenção do psiquiatra e principalmente da família, que é quem acompanha o paciente em seu dia-a-dia” – explica Lívia.
COMO SABER SE ALGUÉM COMETERÁ SUICÍDIO?
Não é possível prever com 100% de certeza que alguém irá atentar contra a própria vida. O que os especialistas apontam é que sempre existem sinais que demonstram esse risco, merecendo a atenção de quem acompanha o indivíduo. Estados depressivos profundos, ameaças de cometimento do ato, automutilações, tentativas frustradas, todas essas situações devem ser consideradas como um risco, nunca tratadas como irrelevantes, como forma de chamar a atenção.
“Existe um senso comum de que quando a pessoa ameaça cometer suicídio é porque quer chamar atenção, ou que quem realmente quer se matar vai lá e comete o ato, sem dar alertas. Isso não é verdade. A maioria das pessoas que cometem o ato suicida passo por um estágio de maturação da ideia suicida, faz ameaças, comete tentativas frustradas, até que finalmente consegue se matar. Até quando o paciente quer apenas chamar atenção existe um risco real de que o suicídio acontece, pois ele pode perder o controle da situação; alguém que, por exemplo, se pendura na janela de casa e ameaça se jogar pode, por acidente, escorregar e cair, provocando sua morte” – finaliza a psiquiatra.
O SETEMBRO AMARELO ACABOU, MAS O DIÁLOGO CONTINUA
Desde 2014 o Brasil conta com uma campanha de conscientização sobre o suicídio: o Setembro Amarelo. A campanha tem o objetivo de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, suas formas de prevenção e a importância de se falar sobre o tema.
Este ano, a Clínica Holiste idealizou sua própria campanha com o mote “Suicídio: Quanto mais se fala, menos acontece”. O objetivo é levar mais informação para a sociedade e ajudar a incentivar o diálogo como forma de prevenção.