Em entrevista ao portal Muita Informação, a psicóloga Bárbara Santos e a nutricionista Thayane Fraga, ambas do Núcleo de Transtornos Alimentares da Holiste, avaliaram a taxação sobre alimentos prejudiciais à saúde como medida preventiva.
A recente proposta de aumento na taxação de alimentos prejudiciais à saúde, como bebidas açucaradas e alcoólicas, tem sido criticada por não prever ações complementares que promovam a redução do consumo desses alimentos, como campanhas educativas ou iniciativas que ofereçam suporte às pessoas que consomem esses produtos.
AUMENTO DE IMPOSTO NÃO É SUFICIENTE
A nutricionista Thayane Fraga, do Núcleo de Transtornos Alimentares da Holiste, enfatiza que, embora o consumo excessivo de açúcar seja prejudicial à saúde, não há evidências suficientes para afirmar que ele causa vício, como ocorre com o álcool, por exemplo. Ela acredita que o aumento de impostos sobre produtos açucarados não é suficiente para promover uma alimentação saudável.
“No entanto, o aumento dos impostos não assegura a melhoria no consumo de alimentos naturais, é necessário ir além. As políticas públicas precisam ser direcionadas à garantia ao acesso aos alimentos nutritivos, assim como ao aumento da conscientização sobre a importância destes para uma boa qualidade de vida”, ressaltou Thayane Fraga.
Thayane também questiona a ausência de alimentos ultraprocessados no chamado Imposto Seletivo, sugerindo que sejam desenvolvidas medidas para incentivar a produção e o acesso da população a alimentos nutricionalmente adequados.
“Ainda existe uma grande limitação ao acesso à alimentação saudável. Portanto, não seria mais efetivo desenvolver medidas que incentivem a produção, o acesso e o poder de compra dos alimentos in natura e minimamente processados?”.
PREVENÇÃO E TRATAMENTO
A psicóloga Bárbara Santos, coordenadora do Núcleo de Transtornos Alimentares da Holiste, alerta que aumentar o preço de produtos como comida, bebida e cigarro pode não ser eficaz para pessoas com compulsão ou vícios, pois o valor não serve de barreira para quem já está adoecido.
“É uma busca desenfreada, onde em vários momentos da nossa história, medidas do estado não foram bem sucedidas em criar barreiras. As pessoas sempre encontraram formas de acessar os objetos. É, no entanto, bem importante tornar acessível as informações, as indicações e contraindicações de uso, recursos que eduquem e levem a melhores escolhas individuais”.
Ela enfatiza que, em vez de focar apenas no preço, é importante investigar a relação que o indivíduo tem com o objeto da compulsão. Além disso, destaca a necessidade de oferecer espaços de tratamento e recursos que ajudem as pessoas a retomarem uma vida mais autônoma e funcional.
“E ser ofertada a ajuda necessária, para que cada um possa encontrar lugares de tratamento onde possam retomar uma vida mais autônoma e funcional “, finalizou.