“Adolescência, a idade do desejo” foi o tema do XXI Encontro Brasileiro do Campo Freudiano, que reuniu psicólogos e psicanalistas de todo Brasil em São Paulo nos 03 dias de evento. Daniela Araújo, Ethel Poll, Pablo Sauce e Marcelo Magnelli, da equipe de psicólogos da Holiste, estiverem presentes no evento organizado pela Escola Brasileira de Psicanálise.
A ADOLESCÊNCIA E A PSICANÁLISE
As alterações que ocorrem no corpo durante a puberdade são experimentadas de maneira singular e produz uma reviravolta na posição do sujeito, é o que explica o psicanalista Rômulo Ferreira da Silva, diretor do Encontro:
“O advento da puberdade com suas modificações anatomofisiológicas, atualiza a pergunta fundamental sobre o que é o sujeito no mundo. Colocar o foco nesse tema significa apostar que as mudanças ocorridas na adolescência podem antecipar o futuro da clínica psicanalítica.”
O Encontro abordou aspectos importantes sobre esta delicada transição para vida adulta, que além das palestras principais, contou com apresentação de mais de 100 trabalhos discutindo a clínica da adolescência, seus desafios e impasses na contemporaneidade. Temas como as tecnologias, drogas, questões de gênero, o corpo, declínio da autoridade, psicose na adolescência estiveram no centro da discussão.
“Considero de extrema importância este espaço epistêmico de discussão sobre a clínica, pois nos permitem refletir sobre nosso trabalho e avançar em questões importantes.
Podemos considerar que a adolescência é uma placa sensível, no sentido em que é sobre os jovens que podemos perceber com maior intensidade os efeitos do mundo em mutação. Desta forma é uma exigência da clínica estarmos atentos as mudanças que o mundo contemporâneo nos impõe , pensar em seus efeitos e nos manejos possíveis ; este é um compromisso ético que norteia a clínica de orientação psicanalítica”, acrescenta a psicóloga Ethel Poll.
TRANSTORNOS MENTAIS NA ADOLESCÊNCIA
Daniela Araújo destacou a importância de discutir algumas questões mais peculiares no tratamento de transtornos mentais na infância e adolescência.
“Além de discutir a clínica psicanalítica e suas singularidades no caso a caso, neste ano especificamente, tivemos a oportunidade de escutar sobre casos de jovens adolescentes ou pré-púberes que envolvem pontos específicos do tratamento da psicose, do diagnóstico bipolar, do autismo, do trabalho em parceria com a psiquiatria – o que nos serve muito para repensar a nossa atuação institucional e manejo familiar.
Como sustentamos um trabalho psicanalítico em instituição? Quais os impasses atuais no tratamento com crianças e adolescentes? Como apostar na promoção de laços sociais? Estas foram algumas das perguntas que nortearam trabalhos e rodas de conversa e ressoaram na minha escuta”, conclui a psicóloga Daniela Araújo.