Doença apontada como uma das principais causas do suicídio, a depressão foi o tema da edição de julho do Encontros Holiste. A psicóloga Ethel Poll falou sobre as faces da depressão e apontou a importância do diagnóstico preciso para um tratamento eficaz.
Dados da Organização Mundial da Saúde, em 2015, apontam que, no Brasil, aproximadamente 12 milhões de pessoas são afetadas pela depressão. No mundo, o número é de 322 milhões de pessoas com a doença, apontada como uma das principais causas do suicídio.
Ethel explica que a patologia é considerada como uma epidemia silenciosa e que requer um diagnóstico preciso para garantir o tratamento adequado.
“Isso acontece porque os casos não são diagnosticados adequadamente. O estigma em torno da depressão e dos transtornos mentais a gente só combate com conhecimento, diálogo e informação”, afirma a psicóloga.
Confira a palestra na íntegra:
Diagnóstico
Considerada uma doença multifatorial, a depressão pode apresentar diversas faces, o que pode gerar dificuldades para que pessoas leigas consigam identifica-la e buscar ajuda profissional.
Ethel aponta que fatores como vergonha e preconceito sobre as doenças mentais podem fazer com que o indivíduo não procure um profissional precocemente, correndo o risco de agravamento do quadro.
“Além da vergonha, vemos que, muitas vezes, o paciente não tem a informação correta e não sabe diferenciar uma tristeza normal de um transtorno depressivo. Do ponto de vista profissional, é necessária uma análise do corpo como um todo, levando em conta idade, o contexto em que ela aparece, a intensidade…”, aponta Ethel.
Tratamento
A depressão gera um grande sofrimento no indivíduo. O depressivo tem sua vida afetada em todas dimensões: familiar, laboral e sentimental. Por isso, o tratamento deve ir além do controle daquele episódio específico que originou o momento de crise.
O profissional especializado deve traçar um plano terapêutico de curto, médio e longo prazo, pois o tratamento da depressão é contínuo e, na maioria dos casos, se estende pelo resto da vida. A doença é altamente incapacitante e possui elevado risco de suicídio, necessitando de constante acompanhamento psiquiátrico e psicológico para evitar novas crises.
Singularidade do indivíduo
O transtorno não se manifesta da mesma forma em todos os indivíduos, pois alguns fatores – como a história de vida do indivíduo, dos conflitos psíquicos, traumas vivenciados, contexto familiar, idade, entre outros – são determinantes para o curso da doença
Ethel destaca que é fundamental não perder de vista as questões da singularidade e subjetividade de cada sujeito, para que a ação dos terapeutas seja mais eficaz. “A medicina e todo o catálogo de sintomas são importantes, mas tem algo do indivíduo que se apresenta, que é necessário a nós, profissionais, fazer a leitura desses sintomas para entender cada pessoa”, finaliza.