Encontros e experiências amorosas ruins podem levar ao burnout afetivo, fenômeno que surge quando alguém só se envolve em relacionamentos superficiais e se sente desconectada do parceiro.
A Síndrome de Burnout ficou bastante evidente neste período de pandemia devido à brusca mudança de rotina, excesso de trabalho em home office ou até mesmo com o acúmulo de empregos em um delicado momento de crise econômica.
Os sintomas resultam em exaustão psicológica, diminuição da energia, queda de produtividade, queda de imunidade, dores de cabeça, problemas estomacais e crises de ansiedade.
O termo “burnout afetivo” surge em outro âmbito: o dos relacionamentos amorosos. O termo é utilizado para descrever um quadro de exaustão emocional e apatia em que a pessoa não consegue desenvolver um laço afetivo duradouro.
Assim, as experiências amorosas acabam se transformando em grandes decepções. O indivíduo fica frustrado, ansioso, se sente socialmente inadequado e com o risco de desenvolver uma baixa autoestima.
A culpa é dos Apps?
Muitos acreditam que este fenômeno está relacionado com a forma superficial que os relacionamentos modernos têm início nos dias de hoje. Muitos jovens se utilizam da tecnologia, como os aplicativos (Apps) de relacionamento, para encontrar o “amor da vida”.
O grande problema é que na busca desenfreada pela “pessoa certa”, o indivíduo pode se envolver com outras pessoas que, ao decepcioná-lo, podem despertar questionamentos sobre si mesmo e sobre a sua capacidade de se relacionar.
A psicóloga Bárbara Santos explica que nesse jogo de “dar match” o jovem pode perder a clássica capacidade da sedução presencial, do olho no olho e do toque na pele, com todas as incertezas e subjetividades envolvidas:
“As pessoas são muito mais complexas do que uma descrição de perfil. É uma expectativa irreal achar que é possível ter controle sobre como o outro é de verdade com base na seleção que é feita nesse tipo de aplicativo”, acredita a especialista.
Bárbara lembra que, quando o relacionamento não se aprofunda, ele vai ficar sempre nessa esfera de sedução. Segundo ela, isso torna-se insustentável depois de um tempo:
“As pessoas acabam exaustas de viver isso várias vezes e ainda sentem que não se conectaram de verdade com ninguém”, avalia.
Sinais de que você pode estar sofrendo com burnout afetivo
- Tem baixo interesse em se relacionar com outras pessoas;
- É indiferente com atividades que antes te davam prazer;
- Você revive experiências ruins de forma rotineira;
- Vive se questionando sobre sua capacidade de sustentar uma relação de longo prazo;
- Tem medo de ser rejeitado ou sente-se incapaz de “encontrar alguém”
Então, o que fazer?
Se você chegou ao ponto de exaustão nos relacionamentos e isso lhe causa um sofrimento intenso, tanto físico quanto psicológico, é fundamental buscar ajuda especializada.
“Falar sobre si e compreender o que está sentindo é um passo importante para entender como chegou até aquele ponto. Permitir-se ficar sozinho naquele momento ou admitir que não tem interesse em se relacionar por um tempo é muito saudável e uma forma de se preservar também”, explica a psicóloga.
Mas, é importante frisar que os aplicativos de relacionamento podem ser uma ferramenta para possíveis encontros. Nesse caso, é preciso estar disposto a viver o encontro inteiramente e estar aberto às possibilidades:
“As particularidades do encontro amoroso moram na espontaneidade, quando erramos, por exemplo. É nesse lugar vulnerável que o amor acontece”, diz Bárbara.
Matéria originalmente publicada em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/07/05/burnout-afetivo-existe-e-prejudica-a-autoestima-e-a-saude-mental.htm