Estresse e falta de vontade para sair da cama são comuns e pode acontecer com todo o mundo em algum momento. Porém, quando esses sentimentos estão presentes quase todos os dias, podem indicar o início de uma síndrome de burnout.
O psiquiatra André Gordilho e o cardiologista Daniel Muricy, ambos da clínica Holiste, foram os convidados do programa Viva Bem da rádio Sociedade para falar sobre este problema que atinge uma parte da população.
“A síndrome de Burnout é caracterizada por um esgotamento físico e emocional geralmente associado as situações de estresse no trabalho. Essa insatisfação no ambiente laboral acaba gerando no indivíduo alguns sintomas como ansiedade, dificuldade de concentração, irritabilidade, déficit na produtividade, absenteísmo e até episódios depressivos”, explica Gordilho.
Para o cardiologista Daniel Muricy, existem outros sintomas que também servem como alerta: “Dores no estômago ou no tórax que durem mais de 5 minutos e palpitações, ou seja, batimentos do coração desregulados. Porém, o mais importante é observar a frequência destes sintomas e se estão relacionados a situações do trabalho”.
Estresse x Profissão
A Síndrome de Burnout é definida por ser o ponto máximo do estresse profissional. Pode acontecer com indivíduos de qualquer profissão, mas em especial nos trabalhos em que há impacto direto na vida de outras pessoas. É o que acontece, por exemplo, com profissionais da saúde em geral, jornalistas, advogados, professores e até mesmo voluntários.
De acordo com o Ministério da Previdência Social, nos últimos 10 anos aumentou em 20 vezes a concessão do auxílio doença para trabalhadores registrados. Apenas em 2016, mais de 75 mil pessoas foram afastadas do trabalho com diagnóstico de depressão.
“O estresse pode sim estar relacionado a um quadro depressivo. Mas o que faz pensarmos no Burnout, é justamente a relação clara e inequívoca com o trabalho. Tudo começa com o ambiente laboral e com a dificuldade em lidar com situações do trabalho, a partir daí o quadro pode evoluir, fazendo com que o indivíduo apresente sintomas depressivos”, avalia o psiquiatra.
Dr. Gordilho fala também a respeito do estresse “saudável”, aquele que te motiva e impulsiona para as atividades do dia a dia ocasionalmente. “Aquele estresse pontual, originário de alguma situação diferente é normal. Por exemplo, quando você é chamado para dar uma entrevista, bate uma ansiedade, um estresse, mas acaba sendo uma emoção positiva, faz com que você estude e se prepare melhor. Ou seja, um grau leve de estresse permite até melhorar seu desempenho, mas quando é um estresse crônico e constante, numa intensidade maior, daí passar a ser negativo e preocupante”.
O psiquiatra ressalta que existem de fato profissões mais estressantes do que outras e atividades que cobram demais do indivíduo, mas que também vale observar a relação que cada indivíduo possui com o trabalho. “Em alguns casos o ambiente de trabalho é bacana, mas é a própria pessoa que se cobra demais, que é perfeccionista e que não está tendo uma boa relação com aquela atividade específica”, pontua.
Seguir novos caminhos e buscar qualidade de vida
Se o trabalho não está fazendo mais bem e trazendo prejuízos pro dia a dia do indivíduo, sempre é tempo de mudar e procurar outras alternativas, segundo Dr. Muricy. “É claro que estamos passando por um momento difícil no país, muitas pessoas precisam manter seus empregos, pois dependem daquele provento. Mas se não podem mudar de atividade de imediato, é importante buscar outras formas de aliviar o estresse. Lazer, atividade física e investir no tempo com a família são algumas opções”.
O estresse crônico pode inclusive alterar o sistema imunológico das pessoas, abrindo espaço para o desenvolvimento de gripes, viroses e doenças em geral. Por este motivo, é necessário ficar em alerta e buscar ajuda profissional quando perceber a presença dos sintomas característicos. “O especialista será fundamental para diagnosticar o transtorno e orientar quanto o tratamento. Se tratando da síndrome de Burnout, a indicação inclui sessões de psicoterapia, atividades físicas e, em alguns casos, o uso de medicação”.
Outras recomendações incluem: momentos de descontração e lazer; prática de esportes;atividades ao ar livre e em contato com a natureza; e atividades de relaxamento como yôga e meditação.