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O Cão Negro da depressão

A depressão é uma grave doença que afeta mais de 350 milhões de pessoas em todo mundo.

Com o intuito de ajudar as pessoas que sofrem ou conhecem alguém que sofre de depressão, a OMS (Organização Mundial da Saúde) lançou em 2013 um vídeo, baseada no livro do artista Matthew Johnstone, intitulada “O Cão Negro da Depressão” (ou “Eu tinha um Cão Negro, seu nome era depressão”), onde o autor conta como a doença fazia ele se sentir e como o apoio de um profissional ajudou a conviver com a depressão.

O CACHORRO NEGRO DA DEPRESSÃO

O vídeo é uma animação curta (4 minutos), mas envolvente e didática, que trata a depressão com seriedade e sensibilidade que o tema exige. O filme tem como personagem um homem que conta sua história de convivência com a depressão, utilizando a metáfora do “Cão Negro” para mostrar como a doença afetou sua vida.

“Sempre que o cachorro aparecia, eu me sentia vazio e a vida parecia torna-se mais lenta.   Ele me surpreendia com uma visita, sem razão ou ocasião.  O Cão Negro me fazia parecer e me sentir mais velho do que eu era. Enquanto o resto do mundo parecia aproveitar a vida, eu via tudo através do cachorro.  Atividades que antes me traziam prazer, subitamente pararam de fazê-lo.”

O personagem segue narrando sobre como os sintomas e  dificuldades causadas pela doença foram aumentando a ponto dele se questionar qual o motivo da vida.

Na segunda parte do vídeo, fica clara a verdadeira mensagem, a narrativa torna-se mais otimista e esperançosa, onde o personagem mostra a virada da vida dele em relação ao “Cão Negro” no momento que ele procurou ajuda profissional.

“Foi quando procurei ajuda profissional.  Meu primeiro passo para me recuperar e uma reviravolta em minha vida.

Descobri que não importa quem você é, o Cão Negro afeta milhões de pessoas.  Todos podem ser afetados por ele.  Não existe pílula mágica, medicação ajuda alguns, outros precisam de outra abordagem.

Não importa quão ruim a sua vida esteja, tomar os passos certos e conversar com as pessoas certas fazem os dias de cão passar. “

O vídeo repercutiu no mundo todo pela mensagem direta que o tema é abordado.  O preconceito, a falta de informação ou a falta de diálogo são fatores que contribuem para que a doença continue afetando a vida de tantas pessoas.

SOBRE A DEPRESSÃO

A depressão é um grave problema de saúde pública em todas as regiões do mundo.  Esta afirmação vem do relatório realizado em 2011 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a doença.

O estudo constatou que 5% da população mundial sofre ou já sofreu de depressão, o número de mulheres afetadas é 50% maior do que o dos homens e sua incidência sobre os jovens vem crescendo a cada ano. Considerada uma doença grave, a depressão pode causar desde a invalidez laboral ao óbito por suicídio. Em uma projeção feita em 2014, a OMS afirmou que a depressão será a doença mais comum do mundo em 2030.

DEPRESSÃO NO BRASIL

No Brasil,  7,6% dos adultos já foram diagnosticados com depressão, o que equivale a 11 milhões de pessoas (IBGE, 2013). E 11,88% dos que sofrem com a doença no país têm limitações graves em suas atividades por conta disso.

Apesar de já atingir um percentual da população similar ao da diabetes no país, o serviço público de saúde não está preparado para atender a demanda dos pacientes depressivos. Esta realidade prejudica a realização do diagnóstico precoce, um passo muito importante no tratamento da depressão. A OMS estima que, no Brasil, o paciente demora em média um ano com a doença até ser diagnosticado, o que agrava consideravelmente o quadro e torna a sua recuperação mais lenta.

O governo precisa rever sua política de saúde mental, abandonar posturas meramente ideológicas que são extremamente nocivas à população. É preciso admitir o erro e corrigi-lo, reabrir leitos psiquiátricos, aumentar o número de hospitais e não diminuí-lo.” – afirma o psiquiatra Luiz Fernando Pedroso, Diretor Clínico do Espaço Holos.

DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO

O problema do diagnóstico na depressão decorre de alguns fatos: a depressão é facilmente confundida com tristeza; o paciente não consegue identificar algo de errado consigo mesmo; mesmo quando o paciente tem ciência do problema, a vergonha pode inibi-lo a solicitar ajuda; as pessoas em volta do paciente tendem a banalizar a situação, achar que tudo não passa de uma postura negativista sobre a vida escolhida pelo próprio paciente.  Na opinião de Pedroso, é preciso atentar para os sinais comportamentais dados pelo paciente.

“Para perceber não é tão difícil, porque o comportamento muda, altera a rotina, a pessoa fica com condutas mais extravagantes e anormais, isso facilmente chama a atenção”.

 

*Dr. Luiz Fernando Pedroso, é Psiquiatra e Diretor Clínico do Espaço Holos