Agenda sua consulta
Agende sua Consulta

Depressão na gravidez pode afetar saúde dos bebês

gordilho-metropole

A gravidez costuma ser associada, para a maioria das pessoas, a um período de felicidade. Mas o que muitos não imaginam é que esta cobrança pelo estado de alegria pode acabar silenciando mulheres que, na verdade, estão lutando contra a depressão.

Entretanto, uma pesquisa recente e inédita realizada pelo Instituto de Psiquiatria e Neurociência do King’s College London no Reino Unido mostrou que além do sofrimento causado à mulher, a depressão durante a gravidez, pode afetar também a saúde e comportamento dos bebês após o nascimento.

O Metrópole Saúde, programa da rádio Metrópole FM, convidou o psiquiatra André Gordilho da Holiste Psiquiatria para falar sobre os resultados deste estudo.

“O resultado desta pesquisa nos mostra uma realidade que já estamos vivenciando a um tempo e que o “não tratar” também gera consequências. Primeiro, as consequências para a própria mãe que vai passar uma gravidez extremante sofrida com todos os riscos inerentes a um quadro depressivo, inclusive o risco de suicídio. E também as consequências que afetam diretamente o bebê, que já nasce com um grau maior de irritabilidade e mais sensível ao estresse”.

 

Depressão x Gestação

Para o psiquiatra, associar a gravidez a um momento de plena alegria não é real. “Às vezes, é o caso de uma gravidez indesejada, ou então a mãe está passando por algum momento difícil, sem falar nas mudanças hormonais comuns a esta fase, que podem contribuir para alterações de humor, dificuldade nas relações sexuais, mudanças físicas e toda a complexidade de estar gerando uma vida”.

A mulher pode ter crises de choro e ficar com a sensibilidade à flor da pele. Isso tudo é normal, comum e não deve ser motivo de preocupação. Algumas mulheres, porém, podem ser mais sensíveis que o normal a essas alterações, e isso pode levar a um caso de depressão. “As dificuldades e momentos de tristeza são normais, o que não é normal são os excessos e os episódios perdurarem por muito tempo”, comenta.

“Geralmente a paciente tem a capacidade de perceber que não está bem e que não está feliz como antes. Mas a família, amigos e pessoas que convivem com a gestante são essenciais para indicar quando as coisas não vão bem e buscar medidas para tratar o problema”, diz Dr. Gordilho.

 

A importância da adesão ao tratamento

Segundo o psiquiatra, é importante desmistificar o tratamento da depressão para a gestante. “Quando identificado e tratado logo no início, medidas mais simples como atividade física e psicoterapia podem vir a ser bastante eficazes, mas quanto mais o tempo passa e mais a doença progride, acaba se tornando inevitável o uso de medicamentos para tratar a paciente”.

O médico pontua ainda a importância de se discutir com a paciente quais os melhores tratamentos e medicações para cada caso. “Para melhor adesão ao tratamento é imprescindível que o profissional busque acolher aquela paciente e seus anseios em relação aos impactos da doença e do tratamento tanto para ela quanto para o bebê, sempre pesando o risco x benefício. Mas em nossa prática temos visto que a doença é muito mais danosa do que o tratamento em si”.

 

E o pós-parto?

De fato, os bebês de mães que tiveram depressão durante a gravidez se mostraram mais hiperativos, chorosos, irritadiços e produziram cortisol em circunstâncias que as demais crianças encararam com normalidade. O resultado da pesquisa mostrou que estes recém-nascidos são particularmente sensíveis ao estresse. Uma situação que seria normal para outros bebês pode ser difícil para esses bebês, e eles reagem ativando a resposta ao estresse.

Para Dr. Gordilho, o não tratamento acaba gerando um ciclo de sofrimento que vai se perpetuando. “Aquela mulher que sofre com a depressão durante a gravidez e não trata, além de acarretar riscos futuros para o bebê, causa mais danos a ela mesma, pois a doença não tratada durante a gravidez torna a mãe predisposta à depressão pós-parto”.

O psiquiatra ainda chama atenção para a vulnerabilidade desses bebês, já que se mostraram mais sensíveis. Além disso, aponta o estudo como importante alerta para se ter mais atenção ainda com mulheres com depressão no período gestacional.

 

Leia mais sobre depressão pós-parto na matéria Depressão pós-parto pode atingir 15% das mães | BandNews FM.