Aconteceu no dia 27/08 o terceiro evento do Programa de Treinamento Holiste. O tema abordado foi a “Dinâmica das Relações em Grupo”, ministrado pelo psicólogo Rogério Barros.
A proposta foi debater a origem e função dos grupos humanos, e sua importância para o ser falante. Também discutimos as peculiaridades das equipes de trabalho que lidam com transtornos mentais.
BLOCO DO EU SOZINHO
Rogério Barros iniciou sua palestra destacando o papel da família como primeiro grupo ao qual pertencemos, e a sua influência na maneira que desenvolvemos nossas habilidades de relacionamentos com os diversos grupos no decorrer de nossa vida. Ele também aponta que as mudanças aceleradas do nosso tempo, especialmente nos campos tecnocientifico e social, vêm acompanhadas de novos modos de subjetivação, interação e dinâmicas entre os sujeitos.
“A crescente individualidade é um dos aspectos mais marcantes da contemporaneidade. O uso excessivo da tecnologia, por exemplo, pode ser entendido como um novo modo de lidar com o mal estar que é inerente ao ser de fala, sem que isso passe pelo outro, pelo amor e os percalços da relação a dois. Um dos reflexos desse modo solitário de viver contemporâneo pode ser percebido especialmente nas relações familiares, onde evidenciamos o declínio da autoridade parental e a delegação da lei paterna para as instâncias educativas e jurídicas. A boa e velha lei paterna é, hoje em dia, uma miragem”, afirma o psicólogo.
Pensadores contemporâneos foram citados para ajudar a entender as mudanças que vivenciamos. A liquidez da comunidade e os amores líquidos de Zygmunt Bauman; o caráter corrosivo do sujeito, tributário das novas “relações de trabalho” de Richard Sennett; a substituição do amor pelo consumo e a busca da satisfação imediata da demanda, de Jacques Lacan, foram alguns conceitos discutidos na palestra.
GRUPOS: DA PROTEÇÃO A NOMEAÇÃO
No mundo animal, a formação de grupos obedece a genética, e a interação entre os membros de um determinado coletivo obedece estritamente ao propósito de proteção e sobrevivência. Entre os humanos, a formação dos grupos também é um processo natural na busca pela sobrevivência. Porém, entre nós esta relação é mais complexa e não há garantias que o grupo oferecerá proteção para todos seus membros.
“Nas diversas sociedades humanas, percebemos sempre desigualdades que podem ter origem em diversos motivos como gênero, posses, crenças ou estatutos legais. Ainda assim, a identificação ao grupo tem a função de dar um ser ao sujeito, uma dimensão simbólica. O ser de fala busca grupos com os quais eles possam se identificar, e isso vai mais além da genética”, esclarece Rogério Barros.
GRUPOS DE TRABALHO: TAREFA COMUM, PESSOAS DIFERENTES
Grupos de trabalho poderiam ser definidos como grupos de pessoas envolvidas em uma tarefa comum, com objetivo de desenvolver determinada ação, orientados por uma lei comum que estabelece as diretrizes de uma determinada equipe.
Fazer parte de um grupo pode ser estabilizador e promotor de saúde, explica Rogério Barros:
“A desidentificação grupal afeta diretamente a produtividade e o envolvimento com a atividade. Tanto mais as pessoas conseguem encontrar no trabalho uma representação para si, mais encontrarão satisfação pessoal e afetiva. ”
PROGRAMA DE TREINAMENTO HOLISTE
Em agosto iniciamos o Programa de Treinamento Holiste, realizando treinamentos destinados para nossos colaboradores, buscando ampliar os conhecimentos na área de saúde mental de toda nossa equipe.
Saiba mais sobre o Programa de Treinamento Holiste.
