Em palestra ao Colégio Militar de Salvador, Itatiara Xavier e Nadja Pinho, respectivamente terapeuta ocupacional e psicopedagoga da Holiste, abordaram as práticas relativas à Educação Inclusiva para jovens com necessidades especiais.
O evento, realizado no auditório do CMS da Pituba, tinha como público-alvo professores, inspetores e coordenadores da instituição, profissionais que lidam diariamente com a educação de crianças com necessidades especiais. O objetivo da ação é capacitar o corpo docente para melhor acolher crianças e adolescentes cegos, surdos, paraplégico, tetraplégicos, além portadores de transtornos mentais como: TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, TEA (Transtorno do Espectro Autista, Transtorno de personalidade, Transtorno Específico de Aprendizado, Depressão, entre outros. Tanto Itatiara quanto Nadja fazem parte do Núcleo Infantojuvenil da Holiste, um programa multidisciplinar especializado no atendimento de crianças e adolescentes que conta, ainda, com psiquiatra, psicóloga e arteterapeuta.
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
O primeiro ponto abordado pela terapeuta ocupacional foi a ideia de que o aprendizado é um processo, e que o mesmo não acontece da mesma forma para indivíduos diferentes. O aprendizado depende de uma estrutura multifatorial, que varia muito de uma pessoa para outra.
Segundo Itatiara, cinco macroelementos formam o círculo da aprendizagem: políticas públicas, estratégias pedagógicas, família, parcerias e gestão escolar. É a relação entre esses elementos e a capacidade física/ cognitiva do aluno que vai determinar seu aprendizado.
“Por exemplo: se a criança é paraplégica, mas a lei de inclusão obriga a escola a ter sua estrutura adaptada, o professor reserva um espaço à frente da sala ou perto da porta para facilitar o deslocamento desse aluno, o coordenador mobiliza os outros alunos a cuidarem desse colega, a família se organiza para ajuda-lo a chegar sempre no horário da aula e a escola desenvolve parcerias com profissionais especializados no atendimento desse público, a chance dessa criança ter seu aprendizado dentro dos parâmetros esperados é muito alta” – avalia a especialista.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A educação inclusiva é uma conquista, um avanço no ensino de pessoas com necessidades especiais. Ao longo da história, existiram diferentes modos de pensar o indivíduo portador de alguma limitação.
Primeiro, acreditava-se que a pessoa com necessidades especiais era um incapaz, alguém que não pertencia ao ambiente educacional pois suas limitações o impediriam de aprender alguma coisa. Depois, criou-se escolas especiais para tender indivíduos com uma determinada limitação, à exemplo de escolas exclusivas para cegos, surdos ou portadores de Síndrome de Down. A educação integrativa veio logo em seguida, com a proposta de inserir essas pessoas em escolas regulares, com o intuito de, através de seus esforços para superar suas limitações, fazê-las acompanharem o rendimento dos outros jovens. Hoje, a ideia da educação inclusiva propõe a mudança do olhar sobre os papeis desempenhados no processo de aprendizado: ao invés de esperar que o portador de necessidades especiais simplesmente supere suas limitações para igualar-se ao todo, a educação inclusive propõe que esse todo (colegas, professores, escola, família e demais agentes sociais) se adeque às necessidades desse indivíduo, facilitando seu processo de aprendizagem.
Itatiara esclarece os princípios que norteiam a educação inclusiva: “A educação inclusiva é, basicamente, a construção de um outro olhar sobre os papeis e as responsabilidades envolvidas no aprendizado. Ela parte de alguns pressupostos básicos: toda pessoa tem o direito de acesso à educação; toda pessoa aprende; o processo de aprendizagem de cada pessoa é singular; o convívio no ambiente escolar comum beneficia a todos e, o principal, a educação inclusiva diz respeito a todos”.
APRENDIZADO ALÉM DO CURRÍCULO
Outro ponto inovador da educação inclusiva é a ideia de que a educação não diz respeito apenas ao conteúdo curricular obrigatório. Coisas como relações interpessoais, prática de esportes, a participação das brincadeiras e de tudo mais que faz parte da vida de um jovem compõem o processo de aprendizado, pois o objetivo é formar um cidadão para a vida, para ser um membro ativo da sociedade.
Para Nadja, essas outras atividades têm funções pedagógicas muito importantes para o desenvolvimento da criança: “Brincar com as outras crianças, fazer parte das conversas, frequentar os aniversários e outros eventos sociais, tudo isso faz parte do processo de aprendizagem. Essas atividades ensinam de forma lúdica, desenvolvem aspectos psicológicos e motores que não são possíveis de serem estimulados través dos livros. Essa relação inclusiva beneficia não somente o jovem com necessidades especiais; os outros alunos passam a entender melhor esse indivíduo, o modo como devem se relacionar com ele e o seu papel na sociedade; professores aprendem a desenvolver novas estratégias pedagógicas, novos caminhos para o exercício de sua profissão. É uma experiência enriquecedora para todos envolvidos!” – finaliza.
FALANDO SOBRE SAÚDE MENTAL
Essa ação faz parte do projeto Falando Sobre Saúde Mental, que tem o objetivo de levar informação sobre saúde mental para empresas, escolas, instituições públicas e outras instituições, reduzindo o estigma que existe em torno do tema. Nossa equipe multidisciplinar realiza palestras, mesas redondas, oficinas e capacitações relacionadas às doenças mentais, suas características, causas, tratamento e formas de prevenção.