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Entendendo os Transtornos de Ansiedade | Encontros Holiste

“Os Transtornos de Ansiedade” foi o tema do Encontros Holistede Junho.  O psicólogo Cláudio Melo e o psiquiatra Victor Pablo abordaram o assunto, ajudando a diferenciar um estado considerado normal de ansiedade do transtorno patológico, além de explicar as principais formas de tratamento.

Os presentes tiverem a oportunidade de, ao fim da palestra, tirar suas dúvidas sobre o tema diretamente com os profissionais. A mesa redonda teve a moderação de Sandra Simon Siqueira, diretora técnica da Holiste.

O Encontros Holiste é um evento voltado para familiares de pessoas que lidam com transtornos mentais, além de profissionais da área da saúde.  O evento é gratuito e é realizado a cada dois meses no auditório da Holiste.

 

A PSICOTERAPIA NO TRATAMENTO DA ANSIEDADE

Com a palestra “QUANDO TRATAR A ANSIEDADE? ”Cláudio Melo buscou demonstrar que a ansiedade é uma reação normal do ser humano diante do que está por vir, e que ela só passa a ser um transtorno quando limita, de alguma forma, que o indivíduo leve uma vida plena. O psicólogo iniciou sua fala diferenciando três reações de afeto ligadas à ansiedade:

  • Medo – afeto direcionado a um objeto, um estado de alerta para um risco eminente;
  • Ansiedade – também é direcionada a um objeto, trata-se de uma apreensão ou expectativa por algo que poderá acontecer ou não;
  • Angústia – seria um medo ou uma ansiedade, mas sem um objeto específico que justifique esse sentimento.

“Os três sentimentos são fundamentais para o ser humano, tem a função de nos afastar do perigo. Porém, a angustia é o mais adoecedor.  É um sentimento que temos em relação a algo que não sabemos o que é.  Uma emoção que causa reações físicas, como a dificuldade de respirar, que podem ser tão intensas a ponto de nos paralisar, principalmente por não ter um objeto, não ter algo contra o que lutar.  Basicamente, o que ansiamos na vida é evitar o sofrimento e a angústia. Então, de certa forma, a ansiedade é uma defesa contra a angústia”, explica Cláudio Melo.

A ansiedade pode se originar de duas maneiras: quando há um mal-estar existencial, derivado de uma insatisfação em algum âmbito na vida pessoal; ou decorrente de um transtorno mental ou trauma.  Em ambos os casos, a psicoterapia pode ajudar o indivíduo a lidar com o problema.

“Muitas vezes buscamos não sentir a ansiedade, mas ela faz parte da natureza humana. A psicoterapia busca ajudar o sujeito a se adaptar e lidar melhor com os sintomas, impedindo que a ansiedade atrapalhe o seu viver, seja ela originada do mal-estar existencial ou de transtornos mentais.  Nos casos dos transtornos mentais, fazemos uso da psicoterapia individual ou em grupo, no último caso, grupos pós-trauma, de tratamento das fobias e dos transtornos de adaptação”, conclui o psicólogo.

 

TRANSTORNOS MENTAIS E A ANSIEDADE

Dr. Victor Pablo iniciou sua fala abordando os principais transtornos mentais ligados à ansiedade, os aspectos biológicos envolvidos e as formas de tratamento, na palestra “PÂNICO, FOBIAS E ANSIEDADE GENERALIZADA”.

O momento da ansiedade pode ser descrito como um estado de ‘imobilidade alarmada’ que sequestra a atenção do indivíduo, ocorrem reações corporais que estabelecem uma tensão física para o suposto enfrentamento e adaptação a situações estratégicas.

“Podemos correlacionar estruturas do sistema nervoso central às fases de resposta psicofísica nos diferentes transtornos de ansiedade. O processamento do aprendizado de situações estressantes está associado a uma maior atividade no Giro do Cíngulo, seria uma fração mais consciente dessas emoções. Já a Amígdala Cerebral, responsável pelas memórias afetivas, tem uma maior ligação com as fobias.  

Para completar o circuito do estresse, as descargas do Hipotálamo ativam partes do corpo ligadas a luta e defesa, o sistema nervoso da adrenalina. Temos aumento da frequência cardíaca, tensão arterial e aumento do fluxo sanguíneo para músculos do cérebro e diminuição da atividade intestinal e visceral. ”, explica o psiquiatra.

Diferente da ansiedade fisiológica, os transtornos de ansiedade são condições persistentes e excessivas. As quais dificultam a adaptação e enfrentamento de diversas situações, pois observamos sintomas que estejam presentes durante semanas ou meses, causando sofrimento excessivo, incapacitação social ou funcional e risco de exposição física, moral ou financeira. Sendo relevante a ajuda especializada.

Dr. Victor Pablo cita algumas características dos principais transtornos de ansiedade:

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA – A partir dos 30 anos, precedido de um temperamento ansioso, caracterizado por um estado difuso de excitação, apreensão, fadiga ao final das jornadas, dificuldade de concentração e dificuldade de iniciar sono.

SÍNDROME DO PÂNICO – Sensação de iminência de morte ou perda do autocontrole, com duração menor que 30 minutos, junto a, pelo menos, cinco sintomas corporais, seguido de sensação de insegurança em ter um novo ataque ou agorafobia. Esse transtorno tem maior incidência a partir dos 20 anos.

FOBIA SOCIAL – Medo excessivo de exposição ao escrutínio público, ocorrendo a partir dos 13 anos de idade, quase sempre associados a um quadro de distimia após os 21 anos. Estes quadros podem estar associados ao abuso de álcool ou outras drogas.

O tratamento dos transtornos de ansiedade é feito, basicamente, com o uso de medicamentos que atuam nos neurônios inibidores do sistema nervoso central, o que provoca um relaxamento imediato nos momentos de crise. Entretanto, quadros sindrômicos mais importantes e persistentes necessitam de antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina.

“Os quadros podem se instalar de maneira sutil por meses ou anos e vão se agravando ao ponto de provocar limitações na rotina do indivíduo, em seu encaixe profissional ou isolamento social. O aprendizado de maneira de se esquivar das situações de desconforto cria zonas de conforto que nem sempre são a maneira mais produtiva de contornar os sintomas do transtorno”

A psicoterapia, psicoeducação, higiene do sono, orientação familiar e planejamento das rotinas são algumas estratégias que utilizamos associadas ao tratamento medicamentoso, buscando o resultado mais efetivo”, conclui Dr. Victor.