Conclusão vai contra o receio de que medicamentos para hiperatividade possam tornar as crianças mais propensas ao abuso de substâncias no futuro.
Crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) que tomam remédios estimulantes para tratar o problema, como a Ritalina, não correm um risco maior de abuso de substâncias (álcool, drogas e cigarro) quando forem maiores em comparação com outras sem tratamento para o mesmo distúrbio. A conclusão é de uma pesquisa feita na Universidade da Califórnia, Estados Unidos, e publicada nesta quarta-feira no periódico JAMA Psychiatry.
Remédios estimulantes são eficazes em tratar os sintomas do TDAH, mas existem controvérsias em relação aos seus efeitos adversos, especialmente devido a preocupações de que essas drogas possam tornar as crianças mais propensas a sofrerem com problemas de abuso de álcool e drogas no futuro.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Stimulant Medication and Substance Use Outcomes A Meta-analysis
Onde foi divulgada: periódico JAMA Psychiatry
Quem fez: Kathryn Humphreys, Timothy Eng e Steve Lee
Instituição: Universidade da Califórnia, EUA
Dados de amostragem: 2.565 crianças com TDAH
Resultado: Crianças que fazem uso de remédios estimulantes para tratar o TDAH não têm risco maior ou menor de sofrer com abuso de substâncias no futuro em comparação com crianças que têm o mesmo distúrbio, mas não são medicadas.
O novo estudo revisou 15 trabalhos realizados entre 1980 e 2012 que incluíram mais de 2.500 crianças com TDAH. A idade média das crianças estudadas foi de oito anos quando a pesquisa começou e elas foram acompanhadas até completarem 20 anos em média.
“Nós não encontramos associação entre o uso de medicamentos como a Ritalina e o abuso futuro de álcool, nicotina, maconha e cocaína”, afirmou Kathryn Humphreys, coordenadora do estudo. Como resultado, autores da pesquisa afirmaram que o trabalho fornece “uma atualização importante” ao campo de conhecimento de abuso de drogas e medicamentos contra o TDAH.
TDAH
1 As crianças com TDAH perdem facilmente o foco das atividades quando há algum estímulo do ambiente externo, como barulhos ou movimentações. Elas também se perdem em pensamentos “internos” e chegam a dar a impressão de serem “avoadas”. Essas distrações podem prejudicar o aprendizado, levando o aluno a ter um desempenho muito abaixo do esperado.
2 Perder coisas necessárias para as tarefas e atividades, tais como brinquedos, obrigações escolares, lápis, livros ou ferramentas, é quase uma rotina. A criança chega a perder o mesmo objeto diversas vezes e esquece rapidamente do que lhe é dado.
3 Impaciente, não consegue manter a atenção por muito tempo. Por isso tem dificuldade em terminar a tarefa escolar, pois não consegue se manter concentrada do começo ao fim, e acaba se levantando, andando pela casa, brincando com o irmão, fazendo desenhos…
4 Traço típico da hiperatividade, é comum que mãos e pés estejam sempre em movimento, já que ficar parado é praticamente impossível. A criança acaba se levantando toda hora na sala de aula e costuma subir em móveis e em situações nas quais isso é inapropriado. Para os pais, é como se o filho estivesse “ligado na tomada”.
5 Existe grande dificuldade em participar de atividades calmas e em silêncio, mesmo quando elas são prazerosas. Em vez disso, preferem brincadeiras nas quais possam correr e gritar à vontade. Por isso costumam ser vetados de algumas festas de aniversário ou passeios escolares.
6 Tendem a ser impulsivas e não conseguem esperar pela sua vez em filas de espera em lojas, cinema ou mesmo para brincar. É comum ainda que não esperem pelo fim da pergunta para darem uma resposta e que cheguem a interromper outras pessoas.
7 Distraída e sem conseguir prestar atenção na conversa, dificilmente consegue se lembrar de um pedido dos pais ou mesmo de uma regra da casa. A sensação que se tem é a de que ela vive “ no mundo da lua”. É comum, portanto, que os pais acabem repetindo inúmeras vezes a mesma coisa para a criança, que nunca se lembra do que foi dito.
8 A criança com TDAH não tem paciência nem para concluir um pensamento. Assim, ela acaba agindo sem pensar e chega a ser impulsiva e explosiva em alguns momentos. Os rompantes podem ser vistos, por exemplo, durante brincadeiras com os demais colegas que culminem em brigas ou discussões.
FONTE – Revista Veja