Ocupando cada vez mais espaço nos debates sobre saúde e bem-estar, a Saúde Mental ainda é algo que provoca muitas dúvidas no público geral.
Ainda é grande o preconceito em relação ao cuidado com a Saúde Mental. A maior parte da população tem muito receio de debater o tema, o que faz com que as pessoas continuem desinformadas e com muitas dúvidas em relação aos transtornos mentais, as formas de tratamento e a importância de procurar ajuda, contribuindo para a desassistência de pessoas que necessitam de tratamento especializado. Para esclarecer dúvidas dos ouvintes da Rádio Metrópole sobre o tema, Dr. André Gordilho, psiquiatra da Holiste, compareceu ao programa Metrópole Entrevista.
SAÚDE MENTAL REFLETE NA SAÚDE DE TODO O CORPO
O primeiro ponto abordado foi a definição de Saúde Mental. Para o especialista, “é uma estabilização do estado mental, para que você consiga conviver de uma maneira sadia, sem o excesso das emoções que são normais do ser humano. Porque a tristeza é normal, a ansiedade é normal, uma certa expectativa é normal em algum grau, mas quando isso passa a ser excessivo e começa a nos prejudicar, a gente passa a tratar isso de forma patológica. Então, ter saúde mental é você ter a ausência de uma doença mental diagnosticável e conseguir lidar com as emoções, com as dificuldades do dia-a-dia de uma forma que seja adequada para que você possa conviver. Inclusive manter, com isso, a sua saúde física, porque quando você tem a sua saúde mental alterada você também altera o seu sistema físico, podendo causar doenças secundárias”.
DEPENDÊNCIA QUÍMICA E SAÚDE MENTAL
Assunto bastante comum na nossa sociedade, a dependência química é uma doença que pertence ao hall dos transtornos mentais, e que atualmente é considerada um problema de saúde pública no Brasil. Além dos males físicos causados pelo uso das drogas, seja o cigarro, o álcool, a cocaína ou o crack, entre tantas outras, o uso abusivo de entorpecentes pode levar o usuário a se expor a situações de risco, pela redução do seu senso crítico, da sua noção de perigo quando está sob o efeito da substância.
É comum, por exemplo, que o indivíduo embriagado dirija irresponsavelmente, colocando sua vida e a de terceiros em risco; ou a embriaguez pode leva-lo a ter relações sexuais sem proteção; às vezes o álcool deixa a pessoa agressiva, transgressora ou mesmo em um estado de relaxamento no qual não consegue reagir a estímulos externos. “O abuso do álcool pode levar a atos irresponsáveis, por conta do rebaixamento do sensório. Ele corta aquela parte da mente que vai dizer “não faça isso”, ou “isso está errado, isso não tem limite”, e ai a pessoa perde determinados freios ele naturalmente tem” – explica o psiquiatra.
ESTRESSE E TRANSTORNO MENTAIS
Quando se fala em Saúde Mental, rapidamente associamos a falta dela a um fator: o estresse. Esta é uma queixa recorrente nas pessoas que buscam auxílio nos serviços de saúde. Mas, o estresse é realmente a causa dos transtornos mentais? Segundo Dr. Gordilho, “O estresse é um possível gatilho de desenvolvimento de transtornos mentais, ainda mais se você tem uma predisposição. Na vida a gente precisa de descanso, de lazer, inclusive de ocupação, de trabalho, para levar a uma homeostase do sistema nervoso e a gente viver de uma forma mais tranquila. O problema de hoje é a urgência que você tem de tudo: tudo é para ontem, é WhatsApp, você tem que correr, as pessoas querem tudo para cima da hora, e isso tem gerado muito estresse”.
ESQUIZOFRENIA
Talvez a doença mais estigmatizada no campo da saúde mental, por suas características tão peculiares como alucinações auditivas, alucinações visuais, rompimento da noção de realidade, entre outras. O psiquiatra faz um alerta sobre a gravidade deste transtorno: “Esquizofrenia, talvez, seja a doença mais grave da psiquiatria, porque é uma doença que debilita, é uma doença crônica, que não tem cura, e deve ser levada muito a sério. É uma doença que tira, em alguns momentos, a sanidade da pessoa, ela apresenta delírios, quadros alucinatórios, distúrbios importantes do comportamento, desorganização do pensamento, e que deve ser tratada desde o seu início. Porque quanto mais cedo você trata, de forma adequada, a tendência é um prognóstico melhor. Segundo as estatísticas, a doença atinge cerca de 1 % da população mundial”.
Ouça a entrevista completa: