A oficina de culinária do Holiste Dia organizou um festival de pizza em comemoração aos aniversariantes do mês. A atividade proposta buscou de forma prática exercitar a autonomia, a independência e o poder de escolha dos pacientes.
“O processo começou pelo planejamento do festejo como a escolha dos sabores e a ida ao mercado para comprar todos os ingredientes necessários. Além disso, foi possível trabalhar a orientação espacial, as habilidades motoras, como marcha, lateralidade, memória, atenção, entre outras funções”, explica a terapeuta ocupacional Itatiara Xavier.
Em muitos casos, o transtorno mental traz dificuldades que comprometem aspectos da vida funcional do paciente, que incluem autonomia, consciência e socialização. Por este motivo, um dos pilares do trabalho realizado no Hospital Dia é a Abordagem Psicossocial, que utiliza como ferramenta as oficinas terapêuticas e socioeducativas.
De acordo com Ueliton Pereira, psicólogo e coordenador do HD, “a abordagem psicossocial cuida da socialização do paciente através de oficinas de habilidades, promovendo o desenvolvimento da sua capacidade psicomotora e a reconstrução de suas rotinas. Inclui: oficina de memória e atenção, oficinas de atividades manuais, grupo de reabilitação psicossocial, grupos socioeducativos, grupo de acolhimento, entre outros”.
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Resgatando papéis e funções sociais
Além de todos estes ganhos terapêuticos, com reforços positivos as questões cognitivas e motoras, o aspecto subjetivo de todos os pacientes também é considerado durante as oficinas. Sendo possível resgatar e reviver papéis e funções comprometidas pelo adoecimento mental, retomando atividades da vida prática como: realizar mercado mensal, preparar as refeições, e até mesmo gerenciar suas finanças, fazendo contas, administrando os orçamentos familiares.
“Certamente estes resgates fazem muito mais que reviver papéis, possibilitando a todo o tempo conectar o paciente com sua cidadania, estimulando seu desejo de movimentar- se no mundo”, afirma Lívia.
I Sarau Cultural do Holiste Dia
Em dezembro, outra atividade realizada seguindo a mesma abordagem foi o Sarau Cultural. O evento objetivou expor ao público todas as formas de expressão e produção artísticas capazes de emergirem em um contexto terapêutico. A programação foi composta por apresentações de música e teatro, exposições de artes, declamações de poemas e feira de artesanato.
Na oficina de arteterapia, por exemplo, foram produzidos ao longo de um ano, telas, desenhos, mandalas, evidenciando em cada arte, a expressão do potencial criativo de cada paciente.
“Este tipo de atividade possibilita aos pacientes um lugar de fala, expressão e acolhimento. Ações necessárias para lhes assegurar sua integralidade”, comenta a arteterapeuta Narajane Oliveira.
Para Itatiara Xavier, terapeuta ocupacional, a arte e a cultura promovem a humanização do cuidado e a aproximação das famílias por meio de um tratamento vinculado ao afeto e às potencialidades das pessoas.
“Entendemos que os grupos e oficinas terapêuticas realizadas ao longo do ano promovem resultados subjetivos e objetivos na medida que facilitamos a interação social da qual muitas pessoas estão privadas em função do sofrimento mental”, conclui.