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PANDEMIA, RELACIONAMENTOS E VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

violência doméstica

Em entrevista à CNT, Paula Dione fala sobre o aumento das tensões nas relações domésticas, e a necessidade do cuidado com a saúde mental durante a pandemia.

A pandemia da COVID-19 trouxe grandes consequências no dia a dia familiar, gerando um aumento da tensão nas relações interpessoais. O registro de crimes envolvendo casais aumentou no período, criando um cenário que merece atenção: ao mesmo tempo em que somos convocados a manter o distanciamento social, a convivência intensa tem desencadeado episódios de violência doméstica.

Paula Dione, psiquiatra e membro do Núcleo de Sexualidade da Holiste, afirma que fatores como redução da renda familiar, suspensão das atividades laborais e o próprio confinamento contribuíram para a sobrecarga emocional e acirramento das tensões nas relações:

“Vários países chegaram a publicar notas e começaram a pensar estruturas possíveis de defesa da mulher ou da pessoa vulnerável”, aponta a psiquiatra.

Confira a entrevista na íntegra:

Violência durante a pandemia

Casos de feminicídio cresceram na pandemia. No Brasil, entre março e abril de 2020, houve aumento de 22% em 12 estados, segundo dados do Fórum de Segurança Pública. A Bahia ocupa a terceira colocação em número de feminicídios. Só no primeiro semestre de 2020, 57 mulheres foram mortas no Estado, o que corresponde a uma alta de quase 19% em relação ao mesmo período de 2019.

Paula explica que, apesar das estatísticas, os problemas de relacionamento já deviam existir antes da pandemia, mas o convívio intenso provocado pelo confinamento acelerou os episódios de violência:

“O fato de ter um tempo de convivência maior faz com que apareçam mais questões que poderiam estar ali guardadas, ocultas. Então, começam a aparecer mais desconfortos, as divergências. Se você não tiver uma estrutura de como lidar com essas divergências de opinião, de forma de conduzir as coisas, isso pode se tornar um problema”, explica a médica.

 

Cuidados com a saúde mental

Ao mesmo tempo que o isolamento pode trazer benefícios para conter o avanço da doença, é fato que ele desencadeia uma série de transtornos mentais na população: depressão, ansiedade, pânico e estresse têm sido os mais frequentes. Assim, buscar ajuda para manter o equilíbrio mental é fundamental nesse período.

“Percebemos um aumento na demanda de atendimentos psicológicos e psiquiátricos. É como se as pessoas se vissem realmente confrontadas com suas questões”, relata Paula Dione, que avalia positivamente a busca por atendimento, ressaltando que os efeitos da crise não são sentidos de maneira semelhante por todas as pessoas.

“Pensar sobre o acesso, sobre a relevância de ter um tempo dedicado ao atendimento psicológico, à psicoterapia e a outras formas de manter uma rede de apoio ganhou força, o que eu acho muito importante”, salienta a médica psiquiatra da Holiste.