O suicídio juvenil e o jogo Baleia Azul foram temas do artigo do psiquiatra Victor Pablo publicado no Jornal ATarde. Dr. Victor alertou, também, sobre a necessidade dos pais observarem mudanças repentinas de comportamentos dos seus filhos e como abordar o tema.
Confira o artigo completo.
O jogo da Baleia Azul alarma pais e pedagogos que, confusos, se questionam: o suicídio é contagioso? Como proteger meus filhos? Esta geração é suicida? Apesar da complexidade, estes questionamentos podem ser analisados pelo volume de informações e estatísticas que dispomos.
Suicídio é a segunda causa de morte em adolescentes de 15 a 24 anos. É uma iniciativa individual e deriva de um transtorno mental em cerca de 90% dos casos, sendo a depressão o principal transtorno. Um acontecimento estressor, como bullying na escola, hostilidade familiar e ambiental ou uso de álcool e drogas, podem ser situações gatilho que aumentam o risco.
Existem os chamados Pactos suicidas, que são executados em pares e atingem particularmente os adolescentes. São impulsivos e muitas vezes envolvem idealizações sentimentais impossíveis, tal como o que ocorre na peça Romeu e Julieta, de Shakespeare. No caso do jogo da baleia, temos um pacto suicida virtual, onde existe um encontro entre um curador com liderança racional e jovens emocionalmente vulneráveis. Como um controle remoto sedutor, cruel e irresistível.
No jogo, não se sabe se mentores são motivados por algum sadismo anônimo, mas o potencial de dano parece incidir mais em jovens deprimidas. Estas geralmente não levam a cabo o ato suicida de maior letalidade. Isso não significa que jovens do sexo masculino estejam protegidos dessa influência.
Os pais devem resgatar a atenção qualificada dos filhos: visitar seus perfis na Web, restaurar a empatia a um padrão de afeto constante com planos familiares de viagens, visitas a lugares históricos, parques, etc. É importante estimular projetos pessoais conforme afinidades conhecidas, uma forma de testar a capacidade de sentir prazer e o autodirecionamento. Proporcionar o espaço para as conversas espontâneas, às vezes com presenças silenciosas na sala ou cozinha.
Atenção às mudanças de comportamento: isolamento no quarto; roupas que escondem mais partes do corpo; queda da produção escolar; humor irritável persistente e agressividade; descuido com higiene e queda do apetite.
Retirar o tabu de falar a respeito de suicídio e tornar qualquer um o ouvido compreensivo que saiba que não adianta julgar e dar conselhos, mas importa muito acolher, mostrar empatia, atenção e presença na condução dos momentos turbulentos. Qualquer um pode se tornar um agente de acolhimento para pessoas com ideações suicidas e essas pessoas se sentirão mais à vontade para buscar ajuda. Mas será mais seguro somar essa mobilização a busca de ajuda especializada com profissionais de saúde mental.
Tem dúvidas a respeito desses sentimentos? Disque 141. Este é o número do Centro de Valorização da Vida, contatos também pelo site www.cvv.org.br.