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Movimento Psiquiatria Plural

Ex-presidentes da Associação Brasileira de Psiquiatria condenam postura antidemocrática da atual gestão.

 

Nota à Diretoria da ABP, aos Membros do

Movimento Psiquiatria Plural e Sócios da ABP

 

Os abaixo assinados, ex-Presidentes da Associação Brasileira de Psiquiatria e membros

de seu Conselho Consultivo, vimos assistindo com preocupação o que vem ocorrendo

desde há alguns anos no seio de nossa entidade e que se intensificou nos últimos dias ou

semanas.

 

A ABP sempre primou por ser uma entidade inclusiva, particularmente no que diz

respeito a abrigar todos psiquiatras brasileiros que dela quisessem fazer parte, sem

discriminação de qualquer natureza. Uma vez associados, sempre lhes foi garantida a

expressão de suas opiniões e o contraditório esteve sempre presente em suas Assembléias

e no Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Temas polêmicos eram tratados com

extremo cuidado para que não se impusesse aos seus membros consensos em realidade

impossíveis de serem atingidos.

 

Como toda entidade que cresce de tamanho e importância, de forma natural surgem

grupos que divergem da forma como a Associação era conduzida e se apresentaram

na forma de chapa nas três últimas eleições para Diretoria realizadas em 2007, 2010 e

2013. Infelizmente, um processo que seria normal em toda entidade democrática passa a

implicar na existência – ainda no seio da Associação – daquilo que define os processos de

estigma e discriminação que é a separação de seus membros em “NÓS” e “ÊLES”.

 

Daí para o que assistimos neste últimos dias foi um passo. A propósito do apontamento,

por um membro do Movimento Psiquiatria Plural, de uma postagem inadequada no

síte da Associação (noticiando uma audiência pública no Senado Federal sobre a

descriminalização/legalização do uso de maconha) e de nota de repúdio à postagem

no site da ABP por uma séria de entidades ligadas à saúde mental, a Diretoria da ABP

distribui uma nota aos seus associados informando que seu site havia sido invadido e

entre os anexos desta nota incluiu um artigo recém-publicado pelo mesmo membro do

Movimento Psiquiatria Plural, onde ele exortava a Diretoria a dar palavra ao contraditório

no que diz respeito à questão da descriminalização/legalização do uso da maconha, tema

este que sabidamente vem sendo discutido em diversos países do mundo.

 

Seria inaceitável que se procurasse vincular um pleito legitimo relativo à discordância

quanto ao tratamento do tema em questão ao que seria o ato criminoso de plantar uma

notícia falsa sobre uma audiência pública no Senado Federal e além disto estimular outras

entidades a repudiarem a ABP. Nós que abaixo assinamos esta nota não acreditamos que

o colega tenha feito isto nem queremos acreditar que tenha sido intenção da Diretoria da

ABP sugerir isto em sua nota aos associados.

 

De qualquer forma, fazemos aqui um apelo para que o que possa constituir questões

internas à Associação seja discutido através de seus próprios canais. A garantia de espaço

interno para o contraditório certamente trará para o seio da Associação as necessárias

discussões que poderão ou não resultar em posicionamentos a serem comunicados à

sociedade. Se estes canais institucionais estiverem fechados para discordâncias de parcela

considerável de seus associados, inevitavelmente elas ganharão expressão em outros

meios de comunicação.

 

Como afirmado anteriormente, o embate político pela direção da entidade maior

dos psiquiatras brasileiros deve se fazer na discussão das diferentes visões sobre os

temas de interesse da psiquiatria no Brasil. A eventual vitória em eleições que sejam

democraticamente disputadas, não garante aos vencedores – seja de que lado forem – a

hegemonia de nenhuma verdade a ser imposta a todos. Estamos dispostos a colaborar

para que a ABP seja verdadeiramente a entidade de TODOS os psiquiatras brasileiros.

 

10 de junho de 2014

Marcos Pachedo de Toledo Ferraz (1980-1983)

Luiz Salvador de Miranda Sá (1986-1989)

Othon Coelho Bastos (1992-1995)

Rogério Wolf Aguiar (1995-1998)

Miguel Roberto Jorge (1998-2001)

Marco Antonio Alves Brasil (2001-2004)

João Alberto Gomes de Carvalho (2007-2010)