André Dória, psicólogo da Holiste, falou para a rádio Metrópole sobre como os aplicativos como Tinder, Happn e Baddo estão mudando a forma de relacionamento entre as pessoas.
A internet, bem como os novos aparelhos eletrônicos (notebooks, tablets e smartphones), mudaram a forma como nos comunicamos. Mais que isso: essas inovações influenciam até mesmo a forma como nos relacionamos amorosamente; paqueras, namoros, casamentos ou simplesmente “ficar” com alguém, já não seguem as mesmas etapas e rituais de outros tempos.
Com todas essas mudanças, é natural que algumas pessoas sintam dificuldade em se adaptar a essa nova realidade, o que coloca o assunto em evidência. Ouça a entrevista completa:
PRATICIDADE É RUIM?
Talvez, a principal característica do relacionamento por via de um aplicativo seja a praticidade e a velocidade com que ele se desenvolve. Se antes era necessário sair, conhecer alguém, conversar, trocar telefone, marcar um novo encontro, conversar mais um pouco para descobrir se existe uma finidade com o outro, hoje, basta apenas dar uma olhada no perfil da pessoa, em algumas fotos, trocar “likes” e marcar um encontro.
“É algo que é da nossa realidade, da nossa contemporaneidade, e revela como é que as relações, hoje, de alguma forma se manifestam subjetivamente. Tem algo que lembra muito uma espécie de objetificação do outro, como se houvessem pessoas na prateleira e você vai escolher, de alguma forma, baseado no que você deseja. (…) É um traço do nosso tempo, isso não é necessariamente bom ou ruim” – avalia o psicólogo.
O DESFIO DO ENCONTRO COM “O OUTRO”
O especialista avalia que, independente do modo como um relacionamento se desenvolve, existe sempre o risco de decepções e frustrações. É preciso ter em mente que um relacionamento, seja ele presencial ou virtual, sempre envolve dois indivíduos com histórias de vida diferentes, com formas de pensar diferentes e anseios particulares.
Além disso, não há como prever se a conexão entre duas pessoas vai durar ou não, se vai ser proveitoso ou danoso para ambas as partes.
“Frustrações amorosas existem desde que o ser humano existe; desde antes de Romeu e Julieta já se falava de dores de amor. Então, não é porque, hoje, as coisas são mais diretas que necessariamente elas são maiores fontes de frustração.
O encontro com o outro, seja por aplicativo, seja numa praça, ou como era antes, há muito tempo, na era vitoriana (por carta) é sempre um encontro muito difícil. Então, não necessariamente, hoje, ele é maior fonte de frustração ou de prazer; eu acho que o que hoje é mais marca do tempo é esse investimento que é mais frágil na construção de uma relação mais duradoura. As pessoas tendem, em uma primeira frustração, desistirem mais facilmente por conta da possibilidade de sempre terem a possibilidade de encontrar algo melhor” – finaliza o psicólogo.