Na primeira edição do Encontros Holiste de 2023, a psiquiatra Fabiana Nery e o psicólogo André Dória esclareceram pontos importantes sobre o Transtorno Bipolar.
No dia 30 de março se comemora o Dia Internacional do Transtorno Bipolar. A data, aniversário do pintor holandês Vincent Van Gogh, foi escolhida justamente porque o artista sofria com o transtorno, com o intuito de chamar atenção para o transtorno que afeta, aproximadamente, 15 milhões de pessoas somente no Brasil.
A psiquiatra e Coordenadora do Centro de Estudos Holiste, Fabiana Nery, abriu o evento com a palestra “Depressão Bipolar”. Em seguida, o psicólogo e Coordenador do Programa de Tratamento do Transtorno Bipolar, André Dória, abordou o tema “A família no tratamento do Transtorno Bipolar”. Ao final das palestras, foi aberto um espaço para as perguntas da plateia.
“Esse tipo de evento, aberto ao público, é muito importante para levar informações de qualidade sobre o Transtorno Bipolar, que é um dos quadros mais desafiadores da psicopatologia.” – afirma o psicólogo.
DEPRESSÃO BIPOLAR
A depressão é uma fase de rebaixamento do humor, onde o indivíduo é tomado por sentimentos de impotência, pensamentos negativos, perda do desejo de realizar as atividades cotidianas, menor desempenho laboral, tristeza recorrente, entre outros sintomas.
Contudo, os episódios de depressão bipolar são um pouco diferentes dos depressão unipolar; eles podem se intercalar com episódios de mania/ euforia, onde o paciente apresenta uma elevação patológica do humor. Isso demanda que o profissional de saúde mental tenha muito cuidado em sua condução clínica, pois ao tratar uma depressão bipolar como uma simples depressão poderá desencadear um episódio de mania.
“A depressão bipolar tende a aparecer mais cedo na vida do indivíduo. Na depressão bipolar, é mais comum a presença de sintomas psicóticos em relação à depressão unipolar. A depressão bipolar geralmente é mais grave, os sintomas são mais intensos e a resposta ao tratamento é muito pior.” – explica Fabiana.
Assista a palestra completa:
A FAMÍLIA NO CURSO DO TRANSTORNO
Em saúde mental, é bem comum ouvir dos especialistas que “a família adoece junto com o paciente”, ao mesmo tempo em que os mesmo especialistas dizem que “a família desempenha um papel fundamental na recuperação do paciente”. Apesar do que possa parecer à primeira vista, não existe contradição nas duas afirmações.
No transtorno bipolar, é muito comum que a família exerça forte julgamento sobre o comportamento do paciente em seus momentos de crise, seja durante episódios de mania ou de depressão.
“É comum que os comportamentos estravagantes da fase maníaca sejam lidos pela família como falha de caráter, do mesmo modo que a prostração da fase depressiva pode ser apontada como ausência de força de vontade, de coragem pra viver a vida. São julgamentos morais que ignoram a doença e prejudicam o quadro.” – explica André.
Assista a palestra completa:
