A expressão da sexualidade pode ser uma fonte de felicidade ou sofrimento, a depender do contexto. A psiquiatra da Holiste Paula Dione falou sobre gênero e sexualidade em entrevista ao programa Metrópole Saúde.
A sexualidade é fundamental para a saúde do corpo e da mente humana. Quando questões relacionadas ao gênero (características atribuídas socialmente a cada sexo) estão vinculadas à sexualidade, entram em cena aspectos que podem afetar a saúde psicológica do indivíduo.
A psiquiatra da Holiste, Paula Dione, abordou a relação entre gênero, sexualidade e qualidade da saúde mental, levando em conta o impacto que problemas envolvendo a sexualidade podem desempenhar na vida do indivíduo.
“Falando em classificação, temos as preferências sexuais, que são as parafilias, e os transtornos de resposta sexual, como a disfunção erétil, a ausência de desejo ou orgasmo. Muitas vezes, o problema tem origem em uma questão psicológica, senão por um transtorno diretamente ligado à sexualidade, por outros como ansiedade e depressão”, aponta Dione.
Ouça a entrevista completa.
Fatores físicos e psicológicos
Paula aponta problemas ligados à sexualidade que podem ser causados por fatores físicos ou psicológicos, como: disfunção erétil, ausência de orgasmo e queda da libido.
“Nesses casos, precisamos fazer uma investigação clínica, mas também considerar fatores epidemiológicos como faixa etária, histórico de saúde, gênero, estilo de vida e outros, verificando os fatores de risco para patologias que possam estar causando o problema. Se tivermos um indivíduo saudável, jovem, sem histórico de doenças vasculares, a chance de uma disfunção erétil ser causada pelo elemento psicológico é muito maior”, comenta.
Parafilias
Apesar do maior acesso à informação, ainda há dúvidas a respeito das parafilias e os transtornos de resposta sexual. De acordo com a psiquiatra, fatores associados a preferências sexuais e gênero têm sido mais frequentes no consultório.
“O aumento do consumo de pornografia, com a internet, é algo que tem crescido muito. É importante diferenciar que acessar pornografia não é o problema. As queixas normalmente se relacionam com perda de funcionalidade no trabalho, dificuldades para se relacionar, ou seja, quando o excesso do consumo traz prejuízo para a vida. É dessa forma, também, que classificamos as parafilias – que são preferências não convencionais, como o sadomasoquismo, o voyeurismo. Se aquela preferência é realizada de forma consentida, entre indivíduos capazes de escolher, e não traz prejuízo a si e nem ao outro, não é um problema. O transtorno se instala à medida que há sofrimento ou prejuízo”, explica a psiquiatra Paula Dione.
Gênero e saúde
O preconceito e a falta de informação permeiam as discussões relacionadas ao gênero, isso porque o ser humano vive em constante busca de realização pessoal, inclusive sexual. Ao abordar a questão de gênero, Paula enfatiza que é preciso encarar a transexualidade, por exemplo, não como uma doença, e que nem sempre ela causará demanda relacionada à saúde mental.
“A pessoa já nasce com sua identidade de gênero, que não é definida pela sua genitália. O sofrimento de uma pessoa por não se identificar com seu gênero atribuído no nascimento, inclusive aquele proveniente do preconceito e da falta de aceitação social, muitas vezes gera transtornos mentais que precisam ser tratados, como depressão, ansiedade e outros”, finaliza Paula Dione.