Muito se fala sobre as maneiras de se preparar para um envelhecimento saudável no aspecto físico, mas uma realidade pouco debatida ainda é que os problemas relacionamentos à saúde mental têm aumentado entre os idosos.
Um exemplo disso, é esta população apresenta as maiores taxas de suicídio no país – 8,9 para cada 100 mil – sendo que a taxa nacional é de 5,5 para cada 100 mil, conforme dados de 2017 do Ministério da Saúde. Na Bahia, em 2017, 9% dos suicídios foram cometidos por idosos acima de 70 anos.
A psicóloga Raíssa Silveira, salienta que uma vida mais longa permite que os indivíduos vivenciem mais intensamente os efeitos das mudanças promovidas pela passagem do tempo no corpo, alterando sua percepção da autoimagem e os seus laços sociais. Essas mudanças acontecem à sua revelia, implicando-lhe uma série de perdas que demandam adaptações em seu modo de vida.
“A psicoterapia se serve de estratégias para acolher a pessoa naquilo que a aflige, dando espaço à palavra na forma como lhe é possível, com o intuito de ajudá-la a elaborar suas questões e construir recursos para lidar com os sintomas e com a causa do seu sofrimento”, destaca a psicóloga.
É preciso ter em mente que o processo de envelhecimento traz inúmeras mudanças na vida das pessoas. No caso dos indivíduos que apresentam transtornos mentais, mesmo os de intensidade mais leves, o envelhecimento pode acarretar no agravamento do quadro, devido a consequências características dessa fase da vida.
“A psicogeriatria lida com as especificidades da saúde mental levando em consideração a fisiologia do idoso, a saúde em geral, além de trabalhar com os familiares a melhor forma de lidar com o paciente e o processo natural da doença. O psicogeriatra ajuda a criar estratégias compensatórias que facilitem o dia a dia e a qualidade de vida do idoso”, afirma o psiquiatra André Gordilho.
No acompanhamento ao paciente idoso é preciso contemplar práticas e intervenções que promovam a saúde global, buscando preservar o máximo de funcionalidade e autonomia possível.
Alterações nas funções cognitivas, por exemplo, são frequentes nesta população e implicam em dificuldades e limitações na realização das atividades diárias. Uma das práticas que contribui na melhora de quadros assim é a estimulação cognitiva.
“A estimulação cognitiva é disseminada globalmente não só como forma de tratamento, mas também como forma de prevenção do declínio cognitivo. “Não estimulamos apenas a função deficitária, estimulamos também as funções preservadas, pois a neuroplasticidade permite que fortalecendo as cognições como um todo, auxilia a função prejudicada”, detalha Michelle Campos, especialista em gerontologia e coordenadora do Núcleo da Terceira Idade da Holiste.
Jornal Tribuna da Bahia, 26/09