Em entrevista à rádio Metrópole, Fabiana Nery, psiquiatra da Holiste, fala sobre os efeitos da quarentena na saúde mental.
Os efeitos da quarentena podem gerar preocupação excessiva e sintomas ansiosos que impactam diretamente na saúde mental da pessoas. Mas, como se manter mentalmente saudável nesse momento de isolamento social?
A mudança repentina nos hábitos sociais e afazeres diários influenciam diretamente na qualidade de vida dos indivíduos. Fabiana Nery explica que é comum que cada pessoa reaja de uma forma diferente aos efeitos de uma mudança drástica na rotina:
“Isso varia de acordo com suas características e vivências pessoais. A maioria vai vivenciar esse período com certo sofrimento. Mas é importante que a gente se adapte ao momento e à rotina para que a gente sofra menos”, explica a psiquiatra.
Veja a entrevista completa:
Controle da ansiedade e equilíbrio emocional
A ansiedade é um sentimento comum e faz parte da vivência humana. Mas, quando ela cria angústia constante e atrapalha a rotina diária, é sinal de que um transtorno pode estar se desenvolvendo.
Fabiana reforça que, apesar do clima de incertezas sobre o futuro, essa pode ser uma oportunidade para reorganizar a vida: “A ideia é buscar equilíbrio, otimizar o tempo sem abrir mão das coisas importantes como o sono e a alimentação adequada.”.
Mas, é muito difícil escapar da montanha russa de emoções provocada por um isolamento social. É necessário adaptar-se e criar estratégias:
“A principal questão é montar uma nova rotina e flexibilizar algumas questões, não sendo tão rígido consigo mesmo; saber que nesse momento algumas coisas terão que ser adaptadas, para diminuir o exagero de uma autocobrança que só vai gerar sofrimento e desgaste”, salienta Fabiana Nery.
Risco de automedicação
Nessa busca frenética para diminuir o estresse e a ansiedade, muitos podem buscar refúgio na automedicação. Por isso, o uso de ansiolíticos sem prescrição pode aumentar nessa fase.
É importante ressaltar que essas medicações, diferente dos antidepressivos, atuam apenas no sintoma e não em sua causa do sofrimento. Fabiana explica que, por isso, esses remédios precisam ser prescritos em uma avaliação com o psiquiatra, porque “se usadas de forma inadequada, pode trazer prejuízos graves ao paciente”.