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Socializar é a saída

Terapias ocupacionais, grupos de psicoterapia, atividades externas assistidas e apoio familiar são ferramentas importantes para a socialização de pessoas com transtornos mentais graves.

Muito além do que permeia o senso comum, o trabalho de socialização, no tratamento dos transtornos mentais, é uma prática especializada e de grande complexidade, cujo objetivo é ajudar o paciente a desenvolver suas habilidades de relacionamento com o outro, a fim de promover sua reintegração no grupo familiar e social do qual sempre fez parte. Na HOLISTE, esse trabalho, quando necessário, é iniciado durante a internação, tendo continuidade no ambulatório, no hospital dia ou a domicílio, através de uma equipe de Acompanhantes Terapêuticos.

O psicólogo Cláudio Melo, membro da equipe técnica da HOLISTE, destaca a importância do trabalho de socialização iniciado ainda na internação, pois, dessa forma, ela não se limita apenas à parte médico psiquiátrica, contemplando o aspecto psicológico e social do paciente, o que torna o internamento mais abrangente e terapêutico. “Em geral, os pacientes ficam fortemente abalados pela doença. As crises afetam sua personalidade, sua história de vida, suas expectativas e projetos de futuro, comprometem seus vínculos afetivos, sua escolaridade e sua carreira profissional. Muitas vezes, isso deixa sequelas e limitações. Por isso, o tratamento precisa ir além da abordagem médica para contemplar uma reconstrução maior de sua vida, trabalhando o quadro residual. O trabalho de socialização evita que o transtorno mental resulte na marginalização social do doente”, esclarece.

Segundo Melo, é muito importante que nessa fase do tratamento a família também esteja inserida nas terapias e grupos, já que a maioria dos transtornos mentais tende a criar um impasse na sua relação com o paciente, gerando conflito, distanciamento e até o isolamento social do doente. Nesse ponto, a socialização ajuda a alinhar a conduta deles com as necessidades do tratamento. “As famílias desconhecem certas características da doença, bem como alguns comportamentos sintomáticos que ela provoca. Inseri-las nas terapias de grupo ajuda a prepará-las para atuar no resgate social do paciente, o que contribui muito para evitar situações de estresse e conflito, principalmente no pós-internação, quando ele volta para casa. É importante que a família esteja preparada para recebê-lo e ajudá-lo na reintegração à vida doméstica e social”, diz o especialista.

 

Acompanhante Terapêutico

Também conhecido como AT, o Acompanhamento Terapêutico é um trabalho de apoio e intervenção na vida cotidiana do paciente. Ele é feito através de encontros em sua própria casa ou em outros lugares onde ele vive e frequenta, como cinemas, lanchonetes, shoppings, teatros, escolas etc. A ideia é ter a presença do terapeuta no espaço social do paciente, acompanhando sua rotina e ajudando na organização da mesma, no gerenciamento de conflitos, na identificação dos seus interesses pessoais e na construção do seu projeto de vida. Trata-se de uma técnica terapêutica da maior importância para a socialização e a conquista da autonomia daqueles com problemas graves de ajustamento sociofamiliar. “É comum que o paciente precise desse profissional, por estar fragilizado e incapaz de, sozinho, reconstruir seus laços afetivos. Isso pode fazer com que seu estado mental piore e as limitações trazidas pela doença se tornem definitivas. O Acompanhante Terapêutico ajuda a resgatar essas relações fazendo a mediação nas três esferas importantes de tratamento: social, familiar e das rotinas diárias”, esclarece Isabel Castelo Branco, Acompanhante Terapêutica da HOLISTE.

 

Hospital Dia

Na HOLISTE DIA, a conquista da autonomia é o caminho para a socialização do paciente. Assim, ele participa de oficinas e grupos terapêuticos, de modo que volte a se sentir apto a exercer seu papel social. Nessas atividades são trabalhadas habilidades como tolerância com o outro e consigo próprio, calma, senso crítico, paciência e coordenação motora, entre outras que o paciente perdeu – ou nunca teve – devido à doença.

“No hospital dia temos algumas estratégias de cuidados e, entre elas, está o técnico de referência, que é o profissional da equipe multidisciplinar responsável por organizar e acompanhar um projeto de vida junto com o paciente. Além das atividades internas, aproveitamos espaços externos, que também ajudam a resgatar outros aspectos da socialização”, esclarece Itatiara Xavier, Terapeuta Ocupacional da HOLISTE DIA.

 

Atividades Externas

Nas atividades externas os pacientes são levados a visitar e interagir com espaços fora da instituição, como clubes, museus, praias, locais históricos e turísticos da cidade. Itatiara destaca que os espaços externos podem despertar nos pacientes novos pensamentos, atitudes e escolhas, ampliando sua autonomia.

Essa experiência tem mostrado resultados gratificantes, conforme explica o psicólogo Ueliton Pereira, coordenador da HOLISTE DIA. “Ao levarmos o paciente para essas atividades damos a ele a oportunidade de conhecer lugares novos, ou voltar a outros que fizeram parte de sua infância e que estão repletos de história e lembranças. Essas emoções e sensações são extremamente positivas no tratamento, e os ajudam resgatar a memória de momentos saudáveis de sua vida”, esclarece.

Outro aspecto importante trabalhado nas atividades externas é o exercício da cidadania. Ao lidar com fatores cotidianos, como comprar, escolher um produto, pagar por ele e esperar pelo troco, o paciente reconquista sua autonomia. Atitudes que parecem banais ganham novos contornos, indicando, para alguns, a possibilidade de uma vitória. Isso é sempre estimulado, pois papéis normalmente assumidos pela família, aos poucos, devem ser assumidos por eles. “Por meio dessas intervenções, ajudamos o paciente a lidar com aspectos da vida que serão muito importantes para conquistar sua autonomia e cuidar de si mesmo”, conclui Ueliton.