O transtorno bipolar é uma doença séria, que causa muito sofrimento, e ainda é cercada de tabus e estigmas. A falta de informação faz com que os pacientes demorem de buscar ajuda, levando a cronificação da doença e a situações de risco que poderiam ser evitadas com o tratamento adequado.
A psiquiatra da Holiste Fabiana Nery esteve no programa Band Mulher, da Band Bahia, falando sobre esse tema. Ela esclareceu que, diferente do que muitos pensam, variações naturais de humor, em especial quando ocorrem no mesmo dia, não caracterizam o transtorno bipolar.
“Essa patologia é caracterizada por longos períodos de uma profunda tristeza que podem durar semanas ou até meses. Ou o episódio contrário, que é chamado de mania ou euforia, e também é um estado mantido com uma duração mais prolongada. Quando uma pessoa oscila muito em um dia, podemos estar diante de outra patologia ou até de um traço de personalidade”, pontua a psiquiatra.
Assista a entrevista completa.
Dificuldades na aceitação do diagnóstico
Fabiana Nery apontou ainda que um dos desafios enfrentados na adesão ao tratamento é quando os pacientes estão no período das crises de mania ou euforia, pois muitas vezes a pessoa se sente bem, e por isso não busca ajuda.
“Quando o paciente está depressivo, ele se sente desanimado, triste, por isso tem mais facilidade em reconhecer e aceitar o tratamento. No entanto, a euforia faz com que a pessoa muitas vezes se sinta bem, poderosa, ativa, e por isso não aceita que precisa de ajuda”, alerta a psiquiatra.
Fatores determinantes
Quando se fala em transtornos mentais é importante salientar que existem fatores combinados que podem influenciar no desencadeamento da doença, o que também é uma realidade para os casos de transtorno bipolar. A psiquiatra afirmou que um desses fatores é a genética ou hereditariedade, além de questões de personalidade e influenciadores ambientais.
“Há uma série de fatores que podem ser gatilhos para essa patologia. A genética traz uma pré-disposição, mas não é determinante. Há fatores que contribuem para desencadear a doença, como uso de substâncias psicoativas, uso de medicações para emagrecer e outros”, sublinha a especialista.
Importância do tratamento adequado
Um dos aspectos tratados durante a entrevista foi relacionado ao tratamento, que, quando bem conduzido, proporciona ao paciente uma vida normal e saudável. A psiquiatra ressaltou ainda a importância da internação nos momentos de crise.
“Hoje temos uma gama de serviços que são complementares e não excludentes. A internação psiquiátrica tem seu papel, de proteção ao paciente para casos de risco, como ideação suicida e outros. Você precisa preservar o paciente, em um ambiente adequado, com uma estrutura preparada para isso, uma equipe multidisciplinar e geralmente por um período breve, até o risco ser eliminado. Quando ele puder fazer seu tratamento ambulatorial de uma forma segura, ele retorna para esse modelo”, destaca Fabiana Nery.