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Transtornos mentais podem alterar comportamento sexual

Vivemos em um mundo em que o sexo é bastante enfatizado, e a prática da sexualidade para alguns indivíduos é tão vital para a saúde quanto comer, dormir e fazer exercícios.

Alguns componentes envolvidos na sexualidade normal também estão implicados na causa e tratamento dos transtornos mentais, o que torna os indivíduos em acompanhamento psiquiátrico mais propensos a terem dificuldades ou alterações no comportamento sexual.

Até 80% dos pacientes com transtornos mentais têm dificuldades sexuais em consequência da própria doença ou dos medicamentos utilizados para tratá-las, o que pode levar a problemas no relacionamento com o parceiro e uso de substâncias sem prescrição médica. Estas consequências podem provocar um desfecho ainda mais arriscado, que é o abandono do tratamento psiquiátrico.

Sintomas como redução da auto-estima, dificuldades de relacionamento, redução do interesse, cansaço, entre outros, costumam estar presentes em diversos transtornos mentais e podem causar redução da frequência e da qualidade das relações sexuais. Os antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos utilizados no tratamento estão associados a aumento de risco de sonolência, diminuição do desejo sexual, disfunção erétil e redução do orgasmo.

Entretanto, a interrupção do tratamento medicamentoso sem orientação médica, na maioria dos casos, pode levar a piora dos sintomas, prejuízo social, redução do rendimento e da qualidade de vida. A entrevista focada no contexto sócio-sexual e a avaliação médica, portanto, são essenciais para esclarecer a importância da sexualidade na vida do indivíduo e as mudanças que ocorreram após o seu adoecimento.

O acompanhamento médico e psicológico permitem ampliar o entendimento da sexualidade e identificar outras formas de satisfação sexual, analisando as necessidades de cada indivíduo sem prejudicar o tratamento de base. A avaliação ginecológica/urológica, junto ao atendimento em saúde mental, é importante para excluir causas clínicas passíveis de intervenções específicas. Em alguns casos pode ser considerado o ajuste dos remédios que o paciente está usando ou a introdução de novas medicações que ajudem a atenuar os sintomas.

A saúde sexual envolve não somente a ausência de doença, mas também a capacidade de se envolver em relações sexuais consensuais, seguras, respeitosas e prazerosas. Tocar no assunto é o primeiro passo para o alívio do desconforto. Quebrar a barreira da vergonha e discutir o tema com os profissionais envolvidos no tratamento permitem a individualização da terapêutica e a melhora da qualidade de vida.

*Lívia Queiroz Castelo Branco Mourão é médica Psiquiatra, especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria e com pós-graduação, em curso, na área de Sexualidade.