O período das festas de fim de ano pode ser considerado de extrema dualidade no que se refere aos sentimentos. Mesmo com os vários compromissos que recaem sobre as pessoas, festas de família, amigo secreto e o tempo escasso para realizar inúmeras obrigações, muitos finalizam suas tarefas com prazer e satisfeitos de sua produtividade. Entretanto, para muitos ocorre o efeito inverso.
As ocupações com as festividades e os compromissos decorrentes do Natal e do Ano Novo podem produzir sentimentos negativos; potentes desencadeadores de ansiedade, angústia e depressão, sendo liderados, principalmente, pelo estresse. O que para uns é uma época repleta de esperança, sonhos e renovações, para outros pode ser um período triste e melancólico, uma verdadeira tormenta.
Em entrevista a rádio Metrópole, a Dra. Lívia Castelo Branco, psiquiatra da Holiste, falou sobre o assunto e de como esse sentimento se manifesta nas pessoas. “O fim do ano geralmente é uma época de reflexão, de realizar um balanço do que foi feito durante o ano e projetar novos planos para o ano seguinte. Toda essa expectativa pode acabar gerando frustações nas pessoas, seja porque não conseguiram concluir projetos ou por não conseguirem vislumbrar novas metas”.
O fim do ano é marcado também pelo período de se reunir com a família e encontrar parentes não tão próximos no dia a dia. Porém, aqueles que perderam entes queridos, ou que não possuem contato com a família, por diversos motivos, passam a associar esta data como um momento de tristeza, ansiedade e solidão. “Vem a saudade, o luto, o sentimento de perda e todos esses sentimentos podem se manifestar com maior intensidade nesta época do ano”, afirma a psiquiatra.
Sobre o mesmo tema, Daniela Araújo, psicóloga da Holiste, falou ao programa Viver é Melhor, da Super Rádio Cristal. Para a especialista, o sentimento de tristeza não está diretamente ligado ao fato da pessoa morar sozinha ou não ter familiares por perto: “Estas pessoas moram só mas têm família, têm memórias de natais anteriores, histórias que marcaram e que ficaram na memória. Às vezes elas não têm familiares do lado, a família não mora na mesma cidade, mas têm pessoas que gostam, têm amigos, colegas de trabalho e outras pessoas para estar interagindo. Os colegas de trabalho fazem celebrações, seja antes ou depois do Natal, então elas podem aproveitar esse laço social mesmo quando não possuem a família por perto, ou quando moram sozinhos”.
Daniela avalia, ainda, que independente de religiões e das simbologias que estas datas possuem, este é um bom momento de avaliar as realizações da vida, traçar metas e celebrar: “Quer seja jovem, quer seja idoso, é um ótimo período de celebração de renovação, tal qual o ano novo, é quase inevitável de pensar, independente de religiões e aspectos de vida. É hora de reavaliar, de introduzir coisas novas no dia-a-dia, é o momento de focar naquilo que pode ser revisto para introduzir o novo. Marca um antes e um depois, obviamente, e o que de novo pode se fazer diante disso” – e sobre a sensação de que os anos estão passando em nossas vidas, complementa – “A gente não precisa fazer de conta de que o tempo não passa, e não é pelo fato de envelhecermos, de o tempo passar, que devemos ficar paralisados diante da vida. A gente pode reconhecer os nosso limites, e o principal é que desejo, vontade de viver e de fazer coisas novas independe de idade”.
Ouça a entrevista com a psicóloga:
Buscar ajuda é o passo fundamental
A ansiedade e tristeza de fim de ano podem ser passageiras para algumas pessoas, porém em outras, se não forem cuidados e tratados, esses sentimentos podem desenvolver um quadro depressivo.
Segundo a Dra. Lívia, buscar ajuda é o passo fundamental para o tratamento: “O suporte social é importantíssimo para que o invíduo busque a melhora. Encontrar amigos, procurar realizar atividades físicas, se ocupar com ações sociais, viajar e focar em novos projetos”. A psiquiatra ainda ressalta que realizar uma avalição de um médico psiquiatra ou psicólogo é necessário para que este profissional avalie a real condição daquele indivíduo e possa indicar o melhor tratamento.
Ouça a entrevista com Dra. Lívia: