A psiquiatra Fabiana Nery falou sobre os efeitos que a violência contra a mulher causa em sua saúde mental, em entrevista ao programa Band Mulher.
A violência contra a mulher é caracterizada por qualquer conduta que cause dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, podendo culminar em sua morte. Quando baseada no gênero, atos cometidos contra mulheres especificamente por serem mulheres, é considerada crime de ódio.
Fabiana aponta que questões referentes à personalidade também têm relação com esses eventos, permitindo entender porque, em alguns casos, a própria vítima se coloca nessa situação.
“Têm uma série de questões como personalidades dependentes, dificuldades em lidar com baixa autoestima. Uma vez que acontece a agressão física, verbal ou moral, essa mulher tem um impacto em sua personalidade ou pode desenvolver sintomas ansiosos, com medo de que tudo volte a acontecer”, afirma a psiquiatra.
Assista à entrevista completa:
Abuso no próprio lar
Grande parte da violência cometida contra as mulheres são originadas pelos próprios parceiros, o que torna ainda mais difícil a denúncia. Um fator que contribui para o medo é que poucos homens cumprem pena por lesão corporal doméstica, quando comparamos com o número de mulheres agredidas.
Onde deveria haver afeto e respeito existe o abuso, e muitas vezes essas agressões se tornam “invisíveis” para a sociedade, pois a maior parte das mulheres agredidas ainda não denunciam seus parceiros. Aproximadamente 150 mulheres são espancadas a cada hora no Brasil, sendo que 80% dos casos é cometido por pessoas com quem a vítima possuía relação afetiva.
A necessidade do apoio familiar
Mulheres deslocadas da sociedade ou que não possuem família sofrem ainda mais pela falta de apoio. Fabiana explica que a mulher violentada precisa de ambientes que ofereçam ajuda para reconstruir sua autoestima e perceber que existe saída para essa situação.
“Muitas vezes tem que alguém de fora apontar a saída pra ela. O apoio psicológico profissional é superimportante para fortalecer sua personalidade e o entendimento; a família também é fundamental para auxiliar essa pessoa a procurar ajuda”, finaliza a especialista.