Dependência do uso dos chamados “filtros” de imagem e “curtidas” afeta 84% das jovens, diz pesquisa. Em entrevista à Revista Cláudia, Lara Cannone alerta para o problema de distorção da autoimagem e a necessidade de aprovação nas redes.
Um levantamento feito pela Dove, em dezembro de 2020, mostrou que a dependência do uso de filtros nas redes sociais e da quantidade de curtidas afeta 84% das adolescentes de 13 anos. A pesquisa foi feita com jovens do Brasil, EUA e Inglaterra.
Nessa mesma pesquisa, 78% das jovens afirmaram que já tentaram mudar ou ocultar alguma parte do corpo que não gostam.
A dependência pelas curtidas nas redes sociais é outro fator importante da pesquisa: 89% das jovens relataram que compartilham selfies na esperança de serem validadas por outras pessoas.
Lara Cannone, psicóloga e mestre em mulheres, gênero e feminismo, explica que muitas vezes os pais podem desencadear esse tipo de interação desde a infância:
“Como é quase impossível manter os jovens longe da internet, e não se tem uma estimativa exata da melhor idade para se ter acesso ao meio, o foco é pensar a forma que esse acesso está sendo feito pela criança e adolescente. Pais, sem perceber, provocam desde cedo essa interação ao colocar um vídeo infantil para um bebê assistir”, destaca a psicóloga.
Busca por padrões
A busca por um padrão inatingível pode ser cruel, gerando impactos substanciais na saúde mental e na própria relação dessas meninas com seus corpos.
Influenciadores sociais contribuem para essa distorção da imagem, por induzirem a busca por um padrão de corpo e estilo de vida que não são reais.
“Adolescentes, quando têm acesso a filtros disponibilizados por imagens influentes na internet, também colaboram muito nisso. Isso comprova a massificação da igualdade estética, que nada mais é do que a imagem de pessoas bonitas e desejáveis”, alerta.
Prova disso é que 35% das brasileiras entrevistadas disseram que se sentem “menos bonitas” ao verem fotos de influenciadores ou celebridades em suas redes sociais.
Acompanhamento profissional
Quando existe um sofrimento maior para o jovem, é indicado que haja um acompanhamento profissional. Em casos que envolvem crianças, a psicoterapia conta com o envolvimento da família, ainda que ela não participe de todas as sessões.
Lara explica que o ideal é a família analisar quanto tempo a criança passa nas redes sociais, quais sites acessa e o que mais faz no mundo tecnológico. Caso seja necessário, a família será incluída de modo mais presente, através de sessões de terapia família.
“A psicóloga fica em comunicação e, caso seja necessário, ela indicará a terapia familiar. Então, em um primeiro momento, vale a pena escutar a orientação da profissional que conhece o caso, porque cada”
Matéria originalmente publicada em: https://claudia.abril.com.br/familia/jovens-filtros-distorcao-imagem/