O psicólogo Cláudio Melo, participou de um bate-papo com jovens do Colégio Anglo Brasileiro sobre saúde mental e o livro “O Alienista”, de Machado de Assis.
No livro, o autor, discute as fronteiras entre o que é normal e o que é anormal, através da vida do personagem Simão Bacamarte, médico que se esforça em tentar entender os distúrbios psicológicos da população.
Para iniciar a conversa, Cláudio Melo explicou as diferenças entre psicólogo, psiquiatra e psicanalista.
“O psicólogo é o profissional que trabalha, principalmente, com a escuta. Ele ouve os problemas das pessoas não para resolvê-los, mas para ajudá-las a entender e encontrar a melhor solução. Já o psiquiatra é um médico que realiza o diagnóstico dos transtornos mentais e prescreve o tratamento mais adequado para cada caso. O psicanalista pode ser psiquiatra, psicólogo ou até outro profissional da área da saúde. A psicanálise é uma técnica baseada na prática da escuta, com o foco nos fatures individuais de cada pessoa, naquilo pertinente à sua formação”, esclarece o psicólogo.
Os alunos fizeram diversos questionamentos, entre eles “Por que as pessoas consideradas loucas eram tratadas de forma tão cruel antigamente e, ainda hoje, sofrem preconceito?”. Segundo Cláudio Melo, a questão tem início na Idade Média.
“Não queremos conviver com pessoas com transtornos mentais porque temos medo. Se a gente sabe que alguém é louco, logo temos medo de que faça algo contra nós. Isso é errado. ”
Assim como o protagonista do livro, os estudantes perceberam que os conceitos de loucura e normalidade. “Normal e louco são termos muito relativos. Realmente é difícil dizer que uma pessoa é totalmente normal, já que todos temos nossa loucura. Mas, quando falamos em transtorno mental nos referimos à doença e sofrimento, para aquele indivíduo e para as pessoas próximas. É preciso buscar a ajuda de um profissional qualificado”, conclui o psicólogo.
A conversa teve o objetivo de provocar uma maior reflexão nos alunos. “Foi muito interessante! Doença mental é uma coisa muito delicada e temos que tratar com cautela. Cláudio falou muito bem sobre o que é ser louco, ser normal, o que é se encaixar na sociedade ou ser excluído dela. Foi uma conversa muito importante para fazer a gente pensar”, disse a aluna Maria Regina.
O ALIENISTA
No conto, o Dr. Simão Bacamarte abre um hospício, a Casa Verde, onde passa a internar todos os sujeitos considerados como portadores de desvios de conduta ou com deficiência em suas faculdades mentais. Em determinado momento da trama, a grande maioria dos moradores da cidade encontrava-se internada na Casa Verde. O alienista – aquele que cuida dos alienados – acreditou que sua primeira teoria estava errada, resolve libertar todos os internos e refazer sua teoria – Se a maioria apresentava desvios de personalidade e não seguia um padrão, então louco era quem mantinha regularidade nas ações e possuía firmeza de caráter – concluiu o personagem.
Baseado nessa sua nova teoria, o Dr. Bacamarte recomeça a internar as pessoas da cidade, que passam a ser consideras curadas ao apresentarem algum desvio de caráter. Após algum tempo, percebe-se que sua teoria mais uma vez está incorreta e manda soltar todos os internos novamente. Como ninguém tinha uma personalidade perfeita, exceto ele próprio, o alienista conclui ser o único anormal e decide trancar-se sozinho na Casa Verde para o resto de sua vida.