Agenda sua consulta
Agende sua Consulta

Distúrbios Alimentares, entrevista com a psiquiatra Fabiana Nery

fabiana-nery-bandmulher

Comer é um dos prazeres da vida. Mas, muitas vezes, comer acaba se tornando um sofrimento. Fatores que vão desde os padrões sociais de beleza e saúde, até a busca por compensações psicoemocionais, passando pelos filtros da personalidade de cada pessoa influenciam nos processos que podem resultar em um distúrbio alimentar.

Entre os distúrbios, os mais comuns são a anorexia – distorção da percepção corporal – e a bulimia, que é uma compulsão alimentar seguida de culpa, levando o indivíduo a buscar formas de “purgar” o alimento ingerido.  Esse assunto foi abordado em entrevista concedida pela psiquiatra Fabiana Nery, ao programa Band Mulher.

“A comida é um tipo de gratificação, mas não deve ser o único. Muitas vezes, a pessoa busca uma gratificação cada vez maior através dela e isso gera um problema. É preciso promover ao indivíduo outras fontes de gratificação, como exercícios, amizades, lazer, trabalho, conquistas, projetos, enfim, diversificar esses prazeres. Outro problema que ocorre é a questão oposta – a repulsa pela comida. Isso está, sim, relacionado com as exigências sociais, mas também passa pela personalidade daquela pessoa, se ela tem uma rigidez de personalidade que não se permite estar fora do padrão social”, destaca a psiquiatra.

Assista a entrevista completa:

 

Procurando a causa

Distúrbios como a bulimia e anorexia são, primariamente, de causa psiquiátrica. Embora causem uma série de problemas físicos que precisam ser tratados, essas patologias têm embrião no quadro psicológico do paciente, com causa multifatorial.

“É preciso identificar de onde vem o problema. Ele pode estar associado à baixa autoestima, a um transtorno de ansiedade, a quando a pessoa sente preocupações excessivas em relação a quase tudo na sua vida, a uma questão depressiva. Então, temos que entender o fenômeno como um todo para tratar de forma adequada”, pontua Fabiana Nery.

Tratamento

Doenças como anorexia, bulimia e compulsão alimentar são patologias crônicas, do ponto de vista da psiquiatria, e necessitam de tratamento contínuo.

“A psicoterapia, neste sentido, é fundamental, pois, ao longo da vida, surgem os gatilhos que podem desencadear uma volta do quadro. É importante que essa pessoa fique atenta a si mesma. Um fator positivo é que a anorexia e a bulimia são doenças que tendem a ter uma redução com a idade, mas a atenção é sempre necessária”, acentua.

É preciso destacar, também, que quando se fala em transtorno é um quadro que acarreta prejuízos. Logo, a pessoa pode ter preocupação com a alimentação  ou com o corpo e não ter um transtorno.

Recentemente, se agregou ao quadro dos distúrbios alimentares o que se chama de ortorexia, que está associada à preocupação exagerada com a qualidade e procedência do que se come,  que muitas vezes se estende para a família e os amigos.

“Se preocupar com a alimentação pode ser algo muito positivo e não caracterizar um transtorno. O transtorno está sempre associado ao prejuízo, ou seja, casos em que gera carência nutricional, prejuízo social e outros. É importante diferenciar o que é moda do que é doença”, enfatiza Fabiana Nery.