A alimentação possui papel importante no desenvolvimento dos transtornos alimentares (TAs). Na edição de maio do Encontros Holiste, a nutricionista Joyce Souza explicou o papel da nutrição na reabilitação nutricional do paciente com TA.
Pacientes com transtornos alimentares possuem hábitos de alimentação inadequados, que levam a mudanças físicas e psicológicas, além de alterações de comportamento social. Entretanto, a abordagem desse problema passa por uma compreensão do quadro do indivíduo e de uma prática que não gere ainda mais sofrimento para ele, principalmente nos momentos de crise.
A nutricionista Joyce Souza, em sua palestra sobre reabilitação nutricional, esclareceu que é papel do nutricionista, no momento da avaliação, levar em conta o sofrimento psíquico desse indivíduo, mantendo uma postura aberta e avaliando o risco nutricional. Assim, os indivíduos possuem condições clínicas singulares, que devem ser respeitadas e tratadas de acordo com suas especificidades.
“É preciso respeitar o momento do paciente. Saber a hora certa de incluir certo tipo de alimento, conversando e explicando a ele o objetivo da inserção, e fazer acordos para essa implementação durante o tratamento”, destaca Joyce.
Confira a palestra.
Tratamentos
Perceber as dificuldades do paciente com transtorno alimentar faz toda diferença no tratamento. O trabalho do nutricionista é promover o bom estado nutricional e, consequentemente, o bem-estar ao indivíduo.
Os tratamentos dos TAs têm como foco a recuperação do peso, a melhoria da relação do indivíduo com a comida, evitar complicações clínicas que podem acontecer durante o período crítico da doença, bem como nos episódios de compulsão e purgação. O mais importante, segundo Joyce, é promover a reeducação alimentar.
“Nosso trabalho é reeducar o paciente frente à alimentação. O tratamento não é apenas nutricional, mas multidisciplinar. Temos que lembrar que isso é um transtorno psiquiátrico que leva à alteração do comportamento alimentar”, enfatiza a nutricionista.
Avaliando os riscos nutricionais
O nutricionista tem a responsabilidade de realizar a avaliação de risco nutricional, mediante aspectos como a semiologia nutricional, prestando atenção, principalmente, ao índice de massa corpórea.
Ao falar sobre as consequências clínicas e biológicas, Joyce ressalta que o próprio corpo encontra maneiras de driblar os sintomas da doença. “O paciente com anorexia, por exemplo, costuma ter os braços bem peludos porque ele acaba perdendo tecido muscular, que é o que promove conforto térmico. Essa é a forma que o corpo encontrou para se aquecer”.
Além disso, o paciente com anorexia apresenta imunidade baixa, alterações metabólicas, problemas em sistema digestório, entre outras. Segundo a nutricionista, cada paciente precisa ter seu próprio protocolo de tratamento.
“As metas de tratamento da anorexia estão focadas na reabilitação do estado nutricional e recuperação de peso desse indivíduo, interrompendo comportamentos de redução de peso e melhorando o seu comportamento alimentar”, finaliza a nutricionista.