Para marcar a comemoração do dia do músico, Nadja Pinho, musicoterapeuta da Holiste, falou aos ouvintes da Piatã FM sobre a musicoterapia, suas aplicações e benefícios.
Na abordagem dos transtornos mentais não existe receita pronta: cada indivíduo responde de maneira diferente a estímulos diferentes, necessitando sempre de um plano terapêutico individualizado. Contudo, existem características que são comuns a todos, como a relação do ser humano com a música.
Nossa existência é marcada por ritmos, melodias e harmonias: o batimento do nosso coração, a nossa respiração, o compasso do nosso caminhar, o ambiente ao nosso redor, tudo isso tem uma expressão sonora que vai compor nossa identidade. É através dessas relações que a musicoterapia atua no tratamento dos transtornos mentais.
MUSICOTERAPIA – A REGÊNCIA DA NOSSA ORQUESTRA INTERIOR
A musicoterapia é uma prática que surgiu após a segunda guerra, especificamente para auxiliar o tratamento de ex-combatentes psicologicamente abalados pela brutalidade do confronto. Sequelas físicas também desencadeavam problemas psicológicos graves, merecendo igual atenção e acompanhamento por especialistas em saúde mental.
“A musicoterapia é uma ciência que surgiu depois da segunda guerra mundial, com os ex-combatentes, e ela se utiliza da musica como tratamento. Utilizamos o ritmo, a harmonia, a melodia, os sons. Porque não só os artistas, mas todos nós temos uma orquestra interna” – pontua a especialista.
COMO FUNCIONA UMA SESSÃO DE MUSICOTERAPIA?
É importante lembrar que a musicoterapia não é uma simples atividade de recreação ou relaxamento, mas uma poderosa ferramenta terapêutica. Não se trata de sessões de simples audições musicais em grupo:
“Em uma sessão a gente trabalha com instrumentos, com movimento, com a voz, com o corpo. Na verdade, trabalhamos com as memórias que podem surgir da música. (…) Um idoso, por exemplo, que necessita de recordações, qual é a última memória que ele perde? A musical. Então como é que a gente pode trabalhar o problema? Com a música! Recordando, fazendo ele lembrar: ‘Ah! Eu não lembro o nome da minha filha, mas eu lembro de uma música que me lembra minha filha’. Então é muito importante a gente pensar a música como auxílio, também” – explica Nadja.
PARA QUE ELA É INDICADA?
Agora que ficou clara a finalidade terapêutica da musicoterapia, podemos falar sobre suas indicações. Como a música está presente na vida de todo mundo, a musicoterapia pode ser acionada no tratamento de diversos transtornos e em diferentes públicos.
“A gente pode trabalhar com as crianças, o autismo, crianças com necessidades especiais, um processo depressivo. Na saúde mental a gente utiliza bastante a musicoterapia, para tratar tudo aquilo que necessita de um auxílio. (…) O retorno é muito bom, muito positivo. Desde a confiança, a possibilidade de trazer suas questões emocionais de uma forma mais suave, porque a música possibilita você falar dos seus problemas de forma mais tranquila. A resistência maior ainda é na indicação, porque as pessoas desconhecem (inclusive profissionais do setor), porque ainda é muito desconhecido” – finaliza a musicoterapeuta.
Ouça a entrevista completa: