Pablo Sauce e Fabiana Nery palestraram no segundo Encontros Holiste, evento voltado para cuidadores e familiares de pacientes com transtornos mentais. “Como lidar com dependência química” e as diferenças entre “Tratamento ambulatorial e Internação Psiquiátrica” foram os temas abordados nessa edição do evento.
COMO LIDAR COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA
A dependência química, apesar do que se imagina no senso comum, é classificada como um transtorno mental. Trata-se de uma doença multifatorial, onde diversos fatores contribuem para seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência do uso da substância, a condição de saúde do indivíduo, fatores genéticos, psicossociais e ambientais.
O psicólogo Pablo Sauce abordou a questão, destacando o papel da família no processo do tratamento, em palestra intitulada “Como lidar com a dependência química”. A codependência foi o tema central da apresentação.
“Pode-se dizer que os familiares codependentes apresentam uma forma de dependência, não em relação a substância, mas sim quanto ao vínculo com o dependente químico. O codependente tem a real intenção de ajudar, mas com pouco resultado efetivo, pois muitas vezes ele assume apenas um papel de “administrador de crises”, explica o psicólogo.
A codependência é um distúrbio acompanhado por ansiedade e angustia em relação a vida do dependente químico, onde o familiar aliena-se de sua própria vida para cuidar do dependente. São apresentados comportamentos como minimização de problemas, tentativas de controlar, proteger e assumir a responsabilidade e as consequências dos atos do dependente químico.
Pablo Sauce lembra que a dependência é uma doença progressiva e incurável. Mas, apesar disso, ela é tratável e passível de controle, permitindo que o paciente que mantem o tratamento leve uma vida funcional e sem maiores prejuízos. O psicólogo fez algumas orientações para familiares que sofrem deste problema:
“Frequentemente, os familiares tentam proteger o dependente das consequências de seu problema, inventando desculpas ou tirando-o de confusões resultantes de seu consumo de drogas. O aconselhável é interromper essas ‘intervenções protetivas’ e dar-lhe oportunidade para vivenciar integralmente as consequências danosas de seu comportamento”, recomenda o psicólogo.
Saiba mais sobre o Programa de Tratamento de Dependência Química da Holiste.
TRATAMENTO AMBULATORIAL OU INTERNAÇÃO?
A psiquiatra Fabiana Nery abordou as características do tratamento psiquiátrico realizado no ambulatório e na internação, quais fatores são levados em consideração no momento da indicação realizada pelo psiquiatra, suas aplicações terapêuticas e benefícios ao paciente.
“Ambas as formas de tratamento tem o mesmo objetivo, o retorno funcional pleno do indivíduo. Porém o tratamento ambulatorial é mais indicado quando existe uma aceitação e adesão do paciente em relação ao tratamento, aliado a um quadro de gravidade controlada, onde o paciente não oferece riscos nem para si próprio, nem para outras pessoas. Já a internação psiquiatra é utilizada quando a doença oferece riscos a vida do paciente ou não permite uma adesão ao tratamento ambulatorial”, explica Fabiana Nery.
A psiquiatra ressaltou que existe um forte preconceito em torno da psiquiatria e da internação psiquiátrica, o que muitas vezes traz sofrimento e prejuízo para vida funcional de pessoas que lidam com transtornos mentais. Dra. Fabiana acredita que este quadro esta relacionado à falta de informação precisa sobre as doenças mentais e seus tratamentos:
“A psiquiatria é uma área médica como outra qualquer, não devemos ter receio em procurar um profissional quando percebemos mudanças bruscas de comportamento e prejuízos funcionais na nossa vida ou na de pessoas próximas.
A internação psiquiátrica é um recurso médico que traz um maior nível de atenção e cuidado para lidar com os transtornos mentais. A moderna internação psiquiátrica leva em consideração as relações familiares e sociais e a sociabilização, agregada ao tratamento psicofarmacológico, oferecendo um acompanhamento especializado mais intensivo e atividades terapêuticas, que iram contribuir para a recuperação plena do paciente”, encerra Fabiana Nery.
ENCONTROS HOLISTE
O Encontros Holiste é um ciclo de eventos voltado para cuidadores e familiares de pessoas que lidam com transtornos mentais, além de profissionais da área de saúde que desejam maiores informações sobre a área de psiquiatria e saúde mental.
Os eventos são gratuitos e acontecem a cada dois meses. Nossos profissionais realizam palestras curtas com informações e orientações sobre como lidar com indivíduos que sofrem com doenças mentais.
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