No primeiro episódio da Websérie Bipolaridades, André dória, psicólogo da Holiste, esclarece pontos importantes sobre o diagnóstico do Transtorno Bipolar.
Aproveitando que em 30 de março se realiza o Dia Mundial do Transtorno Bipolar, a Holiste decidiu criar uma websérie de dez capítulos sobre o tema, cada um abordando um ponto importante do transtorno.
Nesse primeiro episódio, André Dória, psicólogo e coordenador do Programa de Tratamento do Transtorno Bipolar da Holiste, esclarece pontos importantes e peculiares sobre o diagnóstico da doença, as principais características desse primeiro momento onde a pessoa recebe a informação de que possui o transtorno.
Assista ao primeiro episódio:
TRANTORNO BIPOLAR
Ainda cercado por muito preconceito e desinformação, o Transtorno Bipolar, nos casos mais graves, pode até levar o paciente a óbito, pois é grande o número de suicídios causados pela doença. Além disso, o transtorno pode desencadear comportamentos como compras compulsivas, comportamentos sexuais de risco, delapidação do patrimônio, exposição social, abuso de drogas, surtos psicóticos, dentre outros.
Trata-se de uma doença mental grave que atinge cerca de 8% da população. Sua principal característica é a alternância entre o humor elevado (euforia ou mania) e o humor rebaixado (disforia ou depressão). Mas, a doença possui outras nuances que precisam ser consideradas, para que o paciente entenda seu processo de adoecimento e com isso potencialize sua recuperação.
BIPOLARIDADES
Talvez a principal nuance a ser considerada, e que dá nome à série, seja a ideia de bipolaridades, no plural. Ao invés de pensar o transtorno como algo dado, com características imutáveis e padronizadas para todos, é importante compreender que cada processo de adoecimento é único e exclusivo.
Assim, podemos entender que por existir uma singularidade em cada individuo existe uma pluralidade de manifestações da doença. Apesar de compartilharem alguns sintomas em comum, o que desencadeia esses sintomas e a forma como eles impactam a vida de cada paciente é particular.
“O termo bipolaridades, no plural, diz muito mais respeito ao que é da ordem do particular no adoecimento psíquico” – afirma Dória.
O QUE FAZER?
Recebido o diagnóstico, vem a pergunta: o que fazer? É comum as pessoas ficarem assustadas, procurarem informações na internet, com amigos, ou mesmo negar o diagnóstico e não aderirem a um tratamento, o que é sempre a pior escolha. O ideal, sempre, é buscar ajuda e tratamento com um profissional.
“Por não ser um diagnóstico que diz respeito a uma questão de ordem objetiva e física, muitas vezes esse diagnóstico vem com uma ferida no narcisismo da pessoa. O quê é isso que eu tenho, que eu não reconheço, que eu não consigo visualizar, que eu não consigo enxergar, e que, sobretudo, vem de um profissional que não consegue me mostrar: ‘Olha aqui no cérebro onde está o seu Transtorno de Humor Bipolar’, porque não existe marcador biológico” – explica o especialista.
PLANO TERAPÊUTICO INDIVIDUAL
Da mesma forma que o processo de adoecimento é particular para cada paciente, o plano terapêutico tem que ser individualizado, respeitando a história de vida do mesmo. Desde a medicação utilizada, passando para o tipo de acompanhamento psicológico que fará mais efeito, até a organização das rotinas diárias daquela pessoa, tudo levará em consideração como o individuo responde e se comporta em relação às atividades propostas. Não existe receita de bolo.
“Diferente, novamente, de uma doença física, quando você tem alguém com diagnóstico de diabetes, na China ou no Brasil, provavelmente o protocolo do tratamento será o mesmo: tratamento químico, no caso.
Quando você tem o diagnóstico de Transtorno Bipolar, você é diferente do seu vizinho que tem o mesmo diagnóstico. (…) Sempre há algo de particular no que deflagra essas crises. Então, é importante procurar ajuda profissional de uma forma mais ampla” – finaliza André.