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A Sexualidade na História | Vídeo

A Sexualidade na História com Dra Paula Dione

O sexo é considerado, pela Organização Mundial da Saúde, como um dos quatro pilares para uma boa qualidade de vida, ao lado do trabalho, do lazer e da vida família. Além disso, é um importante fator estruturante da identidade e personalidade do indivíduo.

“A Sexualidade na História” foi o tema da palestra realizada pela psiquiatra Paula Dione no Encontros Holiste de novembro, onde abordou a importância de compreendermos a sexualidade de uma forma mais ampla.

“Antes mesmo da criança nascer, o sexo anatômico dela já implica em várias decisões e especulações: se a cor das roupinhas será azul ou rosa, se será jogador de futebol ou bailarina.  A questão do sexo implica até em direitos e deveres ao longo da vida: se for homem terá que prestar serviço militar; pode ser que tenha direito a uma pensão, se for mulher.  Sexualidade é um tema do qual não tem como escapar, todos nós vivenciamos essas questões” destaca a psiquiatra.

 

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O QUE É UMA SEXUALIDADE SAUDÁVEL?

A sexualidade é considerada um fator importante na qualidade de vida da pessoa. Porém, geralmente as discussões sobre a sexualidade giram em torno do desempenho, reduzindo o tema ao viés orgânico.  O fator saúde é importante, assim como outras questões como maturidade, conhecimento do seu corpo e do parceiro, as experiências positivas e negativas e o nível de intimidade entre os parceiros.

A epidemia de AIDS dos anos 80 trouxe um novo paradigma: a necessidade de aumentar as informações sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.  As pessoas começaram a falar mais sobre a sexualidade, principalmente no âmbito da saúde, o que trouxe novos desafios, quebrou tabus, ao mesmo tempo que novos tabus surgiram.

“O que a sociedade considera uma sexualidade saudável? O conceito de parceria natural é o ser humano adulto, vivo e capaz decidir.  Um conceito muito amplo, que abrange pessoas do mesmo sexo, familiares, diferenças de idade acentuada, pessoas de outras raças, outros credos, outras classes sociais?

O fato do que é sexualmente aceitável variou muito durante a história.  Um bom exemplo disso é o quanto o conceito e a imagem da sexualidade feminina mudaram”, explica a Dr. Paula Dione.

A Sexualidade na História

A Sexualidade na História

AS MUDANÇAS NA SOCIEDADE E A SEXUALIDADE

A sexualidade é um processo simbólico e histórico que expressa parte da constituição da identidade do sujeito, como ele vive a sua intimidade, suas normas, sua moral e ética grupal.  Dra. Paula Dione explica que a sexualidade é influenciada, de diferentes formas, pelo contexto da sociedade na qual o indivíduo está inserido. É possível observar os diferentes significados relacionados ao sexo adotados em diversos períodos da nossa história:

  • INICIO DA VIDA: Apesar da abordagem religiosa de certa forma associar o sexo ao pecado, sempre houve na humanidade um interesse pelo surgimento da vida, pelo ato da reprodução.  Nos primórdios (primeiros homens), a sexualidade era vivenciada de maneira instintiva, não tínhamos a influência da cultura;
  • ANTIGUIDADE: Havia uma ideia que o caminho natural das “pessoas de bem” seria torna-se mais virtuosas, menos carnais e mais intelectuais. Também é importante ressaltar que culturas diferentes, em uma mesma época, podem ter representações diferentes. Um bom exemplo disso são as diferenças da mulher em Athenas e Esparta, ambas cidades do império grego, onde tínhamos a mulher ateniense mais ‘servil”, criada para cuidar do lar e do marido, enquanto em Esparta a mulher era incentivada a lutar, cuidar do corpo, exercer cargos públicos. São relações de poder diferentes, que fatalmente implicavam em comportamentos sexuais diferentes.
  • IDADE MÉDIA: Um período de transição, marcada por diversas transformações. A igreja Católica busca reprimir religiões antigas e cultos ligados a adoração de divindades femininas e determinadas atividades sexuais, pois a igreja passa a assumir o papel de promotora de controle social.  O amor entre homem e mulher passa a ser considerado um “mal necessário”, algo que existe para fins de procriação.  Sexo é fortemente vinculado ao pecado e a noções de culpa, medo, castigo e inferno.
  • IDADE MODERNA: A era do renascimento, muito ligada ao fortalecimento da “moral burguesa”, combate práticas que não teriam o objetivo de procriar, como a homossexualidade, o coito interrompido e a masturbação.
  • ERA INDUSTRIAL/ INÍCIO DO SÉCULO XX: Mulheres participam mais ativamente do mercado de trabalho, pois os homens estavam lutando na primeira guerra mundial. Isso provoca profundas mudanças nas estruturas familiares e ajuda a florescer o feminismo, com a busca por outros papéis da mulher na sociedade, trazendo uma nova visão da sexualidade feminina.
  • PÓS GUERRA: Faça amor, não faça guerra. Defesa da liberação sexual, da prática do sexo natural e da sexualidade alternativa. Mais prazer e liberdade indo de encontro ao conservadorismo.
  • PÓS HIV: Interpretações místicas e moralizantes – castigo pelas práticas sexuais alternativas.  O “Amor livre” é substituído pelo sexo seguro.  Estímulo ao uso de preservativo e maior discussão sobre sexo e DST.

 

UMA DISCUSSÃO MAIS AMPLA

“A sexualidade deve ser pensada a partir do campo das relações sociais, da cultura e formas de vida, pois é algo vivido no âmbito individual, mas cuja constituição é possibilitada através de valores sociais – só assim se escapa da discussão meramente naturalizante ou moralista.  Queremos debater conceitos e aprofundar essa discussão tão importante e necessária”, finaliza a psiquiatra.

ASSISTA TAMBÉM A PALESTRA DE DRA. LIVIA CASTELO BRANCO: QUANDO O SEXO PASSA A SER UM PROBLEMA?
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