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Suicídio e transtornos de humor

O relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) chama a atenção de governos para o suicídio, considerado “um grande problema de saúde pública” e que não é tratado e prevenido de maneira eficaz.

O Brasil é o oitavo país em número de suicídios. Em 2012, foram registradas 11.821 mortes, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres (taxa de 6,0 para cada grupo de 100 mil habitantes). Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes – alta de 17,8% entre mulheres e 8,2% entre os homens. O levantamento diz ainda que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.

Os transtornos mentais e o consumo nocivo de álcool contribuem para que mais casos aconteçam todos os anos. O diagnóstico precoce e eficaz é fundamental para conseguir que as pessoas recebam a atenção que necessitam. De acordo com a OMS, uma maneira de dar uma resposta a este tipo de morte é estabelecer uma estratégia de prevenção, redução do estigma e conscientização do público.

Para a psiquiatra do Espaço Holos, Dra. Fabiana Nery, o grande problema é o estigma em torno das doenças mentais. Tende-se a encarar o suicídio como um ato sem explicação, uma decisão desesperada, tomada pela vítima, onde nada poderia ser feito: “Na maioria das vezes as famílias tendem a ignorar os sinais de que algo errado está acontecendo. Comportamentos fora do padrão, depressões, problemas com álcool e outras drogas muitas vezes são menosprezados ou encarados como algo de menor importância. É justamente nestes casos, quando a doença não é diagnosticada e tratada precocemente, onde o risco de suicídio aumenta consideravelmente”.

Contudo, mesmo nos casos onde existe um diagnóstico e o paciente está em tratamento, é possível que uma crise ocorra e o indivíduo atente contra a própria vida: “Mesmo aqueles pacientes que fazem um acompanhamento da doença estão sujeitos a momentos de crise que culminam na tentativa de suicídio. Quando o manejo do paciente dentro do ambiente familiar já não permite a preservação de sua integridade física, uma internação psiquiátrica é imprescindível para a proteção do paciente”.

Das doenças psiquiátricas, os transtornos de humor são os maiores responsáveis pelos suicídios: “Acredita-se que 80% dos suicídios são decorrentes de transtornos de humor (depressão, transtorno bipolar, transtorno distímico, etc.). Das mudanças de comportamento, as mais perigosas são a desesperança e a anedonia (falta da capacidade de sentir prazer). Identificando algum destes sintomas, o ideal é que seja realizada uma consulta com um especialista” – afirma Dr. André Gordilho, psiquiatra do Espaço Holos.

Novos tratamentos

Diante de um quadro tão sério, novas descobertas e tratamentos aparecem como alternativas para os pacientes. É o caso da Cetamina, um anestésico muito utilizado que, em doses subanestésicas, tem mostrado grande eficácia no combate da depressão: “A Cetamina pode ser uma alternativa bastante eficaz, principalmente nos casos onde o paciente não responde ao tratamento medicamentoso convencional, à base de medicações antidepressivas. Contudo, o procedimento deve ser ministrado por um médico capacitado para tal, em um ambiente com a estrutura necessária” – pontua Dra. Fabiana.

Outro tratamento de ponta no combate à depressão é a Estimulação Magnética Transcraniana. O procedimento não é invasivo; as aplicações são feitas com o paciente acordado, sentado confortavelmente em uma poltrona, e cada sessão dura em torno de trinta minutos. O tratamento completo compreende de quinze a trinta sessões, e deve ser feito por um médico especializado: “A Estimulação Magnética Transcraniana é uma excelente alternativa para pacientes sensíveis aos psicofármacos, ou resistentes a eles. É indicado para vários tipos de depressão, tendo bons resultados inclusive no tratamento de fibromialgias e dependência química. As únicas contraindicações ao tratamento ficam por conta das pessoas com implantes metálicos intracranianos ou utilizadores de marca-passo” – explica Dr. André, responsável pelo procedimento no Espaço Holos.

Existe ainda outra terapia de neuroestimulação bastante eficaz no tratamento das depressões: a eletroconvulsoterapia. Popularmente conhecido como eletrochoque, o tratamento atual pouco tem a ver com o procedimento que ficou estigmatizado até a década de 80, como explica o psiquiatra Luiz Fernando Pedroso, psiquiatra responsável pelo procedimento no Espaço Holos: “A eletroconvulsoterapia, hoje, é feita com o paciente anestesiado, sendo um procedimento totalmente indolor. Os equipamentos modernos trabalham com frequências controladas, em um sistema de pulsos elétricos breves. As sessões acontecem com o monitoramento de um psiquiatra, um anestesista e um profissional de enfermagem, dentro de um ambiente equipado com monitoramento cardiorrespiratório. Portanto, a eletroconvulsoterapia é um procedimento seguro, indolor, e bastante eficaz no tratamento das depressões. Precisamos quebrar o estigma em torno desta terapia para que mais pessoas se beneficiem dela, vencendo esta perigosa doença que é a depressão”.

Nos vídeos abaixo, confira a entrevista completa com o psiquiatra André Gordilho e o psicólogo Cláudio Melo, onde os profissionais do Espaço Holos abordam pontos importantes sobre os transtornos de humor.

*Dr. André Gordilho é mestre em Medicina e Saúde Humana pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, membro da Associação Americana de Psiquiatria.

*Dra. Fabiana Nery é mestre e doutora em Medicina e Saúde pela UFBA, especialista em Psiquiatria e certificada em psiquiatria forense.

*Dr. Luiz Fernando Pedroso é Diretor Clínico do Espaço Holos, membro da Associação Americana de Psiquiatria e da Sociedade Internacional de Terapias de Eletroconvulsão e Neuroestimulação.

*Sr. Cláudio Melo é mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós graduado em Saúde Mental Coletiva na Universidade Federal da Bahia.