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Transtorno Bipolar não é uma simples variação de humor

Cláudio Melo, psicólogo da Holiste, aborda as principais questões sobre o transtorno bipolar.

O Transtorno Bipolar do Humor é um dos transtornos psiquiátricos que mais geram dúvidas ao grande público. Para esclarecer pontos importantes sobre a doença, Cláudio Melo, psicólogo da Holiste, compareceu ao programa Saúde no Ar da Rádio Excelsior.

Características

Quando se fala em Transtorno Bipolar, o imaginário das pessoas automaticamente associa o termo a um comportamento volátil do humor, a uma variação constante entre tristeza e alegria, o que é rebatido pelo especialista: “O Transtorno Bipolar não é simplesmente uma variação do humor. As pessoas costumam supor que se o meu humor varia constantemente, então eu tenho Transtorno Bipolar. (…) Transtorno Bipolar é uma psicopatologia que leva o sujeito a ter mudanças de humor muito drásticas. Na maioria das vezes ela sai de um quadro depressivo severo e pode apresentar uma variação para um quadro de excitação muito grande, de perda do autocontrole. Não é algo que faz parte do dia-a-dia da pessoa; quando a pessoa começa a apresentar sintomas do Transtorno Bipolar ela vai ter problemas muito sérios, por isso não podemos confundir com estas mudanças de humor do dia-a-dia, e principalmente: não se trata de mudanças repentinas”.

Sintomas

Cláudio explicou como o transtorno se manifesta: “O transtorno Bipolar tem uma incidência muito difusa, ela pode ocorrer desde a infância até a terceira idade. Contudo, observa-se uma maior eclosão das primeiras crises principalmente na fase entre a adolescência e o início da vida adulta. O Transtorno Bipolar, como o próprio nome diz, é um transtorno em que o sujeito tem alternâncias de manifestação do humor muito severas. Ele pode variar desde uma depressão severa, em que o sujeito perde toda a motivação, a energia, a vitalidade de vida, acompanhado por tristeza e, às vezes, irritabilidade e agitação; o outro polo, oposto, seria o que chamamos popularmente de mania, ou tecnicamente de hipertimia, que normalmente vem acompanhada de sintomas de agitação, falta de controle nos gastos, uma desinibição sexual muito grande, conflitos familiares e sociais, as pessoas se colocam em situações constrangedoras para ela ou que podem trazer algum risco de vida, porque a pessoa perde sua autocensura”.

Diagnóstico

Diferente de outras patologias, a identificação de um quadro de Transtorno Bipolar geralmente não acontece no primeiro momento: “Normalmente o diagnóstico é processual. Depende da observação do paciente durante um período e, às vezes, pode demorar anos. Porque às vezes o paciente apresenta apenas um quadro de depressão e isso não significa que ele é bipolar. (…) As manifestações podem acontecer em diversos níveis: pode vir de um quadro mais severo, depressivo ou de mania, mas as vezes tem quadros muito suaves, em que a pessoa passa a vida toda sem ir ao médico porque estes sintomas não causaram prejuízos maiores. O ideal é buscar a orientação de um especialista”.

Tratamento

Cláudio Melo explica que o tratamento é longo e envolve diversas terapêuticas: “O tratamento do Transtorno Bipolar exige uma abordagem medicamentosa, daí a importância da procura por um psiquiatra. O tratamento psicológico também é imprescindível. (…) A internação é fundamental para controlar os sintomas mais graves e proteger a pessoas dos excessos que os sintomas do transtorno causa. Uma vez que o quadro seja, de fato, diagnosticado como Transtorno Bipolar, o tratamento se estende para o resto da vida, pois é uma doença que não tem cura e o trabalho é para manter os sintomas sob controle”.

Ouça a entrevista completa no link abaixo: